Publicado em 17/07/2014Carnes mais caras no atacado levaram o Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) a apresentar deflação mais amena em julho. O indicador apresentou baixa de 0,56%, ante queda de 0,67% em junho, conforme divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). No mesmo período do ano passado, a variação foi de 0,43%. Com isso, o indicador acumula alta de 2,26% no ano e de 5,55% em 12 meses.
Por outro lado, uma queda mais intensa nos preços de commodities de peso na formação da inflação atacadista, que representa 60% do IGP-10, manteve o indicador negativo. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), componente do IGP-10, passou de queda de 1,41% em junho para retração de 1,03% em julho. Na prática, há um número maior de produtos voltando a subir no atacado, em julho; mas itens mais baratos, e com peso maior na inflação do atacado têm sustentado a deflação do IGP-10. A análise partiu do superintendente-adjunto de inflação do Ibre, Salomão Quadros.
Entre as carnes mais caras citadas por ele, o destaque foi a dos bovinos, cujo preço saiu de um recuo de 0,91% para uma alta de 1,46% em julho. O especialista afirmou que o período de estiagem afetou pastos e prejudicou o período de engorda do gado - o que diminuiu oferta e elevou preços. "E quando os preços das carnes sobem, os preços das outras [carnes] acompanham", disse. É o caso de aves (de -3,38% para 1,58%); e suínos (de -2,02% para 2,17%), que pararam de cair de preço. A trajetória das carnes levou a uma deflação menos intensa no atacado (de -1,41% para -1,03%), no mesmo período.
O impacto das carnes mais caras foi compensado em parte, no entanto, por notícias favoráveis à oferta mundial de soja, que levaram o produto a ter deflação novamente no mercado doméstico. A soja saiu de inflação de 1,92% para um recuo de 2,85%, de junho para julho.
"Está cada vez mais claro para o mercado que teremos uma supersafra de soja", afirmou, lembrando que o item é o produto agropecuário de maior peso no atacado, dentro dos IGPs.
Outro fator que motivou a deflação em julho foi a intensificação no recuo de preço do minério de ferro (de -4,98% para -5,86%).
Os alimentos mais baratos no varejo também influenciaram. Repasses de quedas e desacelerações de itens agropecuários atacadistas em meses anteriores têm ajudado a reduzir preços de derivados junto ao consumidor.
Quadros citou como exemplo o trigo, cuja deflação, no atacado, se intensificou (de -2,62% para -6,30%) de junho para julho; e já com reflexo no preço do pão francês no varejo, que desacelerou (de 1,19% para 0,46%).
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), componente do IGP-10, subiu 0,24%, em julho, taxa menor que a de 0,39% em junho. Com informações do Valor.