Publicado em 18/07/2014O ministro da Agricultura, Neri Geller, anunciou ontem (17) a retirada do embargo chinês à carne bovina brasileira, vigente desde 2012. As vendas haviam sido suspensas em função da suspeita de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da vaca louca, em um animal morto em 2010 em Sertanópolis, no Paraná. Representantes do mercado nacional consideram esta a primeira resposta da aproximação entre o Brasil e os demais países do Brics - Rússia, Índia, China e África do Sul.
De acordo com a coordenadora geral de organização para exportação do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Aline Gastardelo, em 2012, o país asiático importava do mundo US$ 225 milhões em carne bovina, sendo US$ 37,7 milhões do Brasil.
"Em volume, eram 61 mil toneladas de bovino compradas pela China, sendo 8,8 mil toneladas brasileiras", completa.
Em 2013, as importações chinesas para bovino dispararam para US$ 1,3 bilhão, ou 294 mil toneladas, um crescimento de 379%, sem que a produção brasileira participasse destes resultados, em função do embargo.
A coordenadora do Mapa conta que, entre os meses de janeiro e junho deste ano, o Brasil já exportou US$ 3,3 bilhões em carne de boi, cerca de 755 mil toneladas.
Na avaliação do presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, este é o primeiro sinal de aproximação entre o Brasil e os demais emergentes do Brics.
"Essa é uma demonstração de que o País está alinhando seus interesses comerciais. Nossas exportações não podem ser vendas pontuais, temos que ser provedores de uma solução completa no quesito segurança alimentar", explica Junqueira.
Segundo o presidente da entidade, a venda direta para a China, sem a necessidade de passar por Hong Kong, dá margem para que as companhias brasileiras reduzam custos e possam se planejar a longo prazo.
Em nota, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, diz que "fica resolvido, portanto, o principal entrave à ampliação do comércio Brasil-China, mas ainda é preciso agilizar a habilitação de novas plantas frigoríficas, uma vez que, hoje, apenas oito estabelecimentos brasileiros estão autorizados a exportar carne bovina para o mercado chinês".
Para a confederação, a liberação das exportações para os chineses é estratégica para a pecuária brasileira, tendo em vista que a China é o mais importante parceiro comercial do Brasil e o mais promissor mercado mundial para as carnes nacionais, devido ao crescente consumo de proteína animal.
Retorno
Geller destacou que o País aguarda um comunicado oficial da defesa sanitária chinesa para retomar as vendas. Depois disso, dependerá da indústria brasileira se mobilizar para fechar negócios. O processo deve demorar cerca de um mês.
O entendimento com os chineses foi oficializado durante a reunião do presidente da China, Xi Jinping, com a presidente Dilma Rousseff e as vendas devem ser retomadas ainda este ano.
Em um primeiro momento, oito frigoríficos terão autorização para exportar para o país asiático e mais nove pediram credenciamento. Com a reabertura, as vendas externas para a China podem chegar a 18% do total de carne bovina exportado anualmente pelo Brasil. De acordo com Neri Geller, a expectativa é vender de US$ 800 milhões a US$ 1,2 bilhão para os chineses no próximo ano. Com informações do DCI.