Publicado em 13/08/2014As duas maiores exibições alimentícias russas que movimentarão Moscou na segunda quinzena de setembro não poderiam acontecer em melhor hora para algumas empresas brasileiras.
Com avisos públicos de que o Brasil substituirá boa parte dos fornecedores dos Estados Unidos, União Europeia, Canadá e Austrália em resposta às sanções desses países devido à crise ucraniana, a World Food Moscow, que ocorre de 15 a 18 de setembro, e a United Coffee and Tee Industry Event, de 15 a 16 de setembro, servirão de vitrines para potenciais players no cobiçado mercado do Leste europeu.
Do maior produtor mundial de carnes, JBS, ao microprodutor de café Camocim, cerca de 25 companhias estão arrumando as malas.
Inicialmente, estavam previstas apenas as participações dos setores de carnes - bovina, suína e aves - e café, por meio de suas entidades de classe. Mas agora, diante dos interesses por frutas, legumes e mesmo laticínios, haverá maior diversidade no estande exclusivo do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Na semana passada, as carnes, que representam o item mais tradicional do comércio bilateral, foram beneficiadas com a liberação recorde de 87 plantas exportadoras para a Rússia, entre estabelecimentos embargados e novas permissões, além de dois produtores de laticínios.
“Os russos são exigentes nas questões sanitárias, portanto temos que mostrar que estamos aptos a aumentar nossos volumes”, diz o diretor financeiro do frigorífico Frisa, Marcos Coutinho.
A empresa do Espírito Santo exporta há cinco anos para a Rússia, e junto a outros produtores de carne bovina, em 2013 embarcou 303 mil toneladas ao país, o equivalente a US$ 1,2 bilhão.
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Com esse volume, os russos ficaram na segunda posição entre os maiores compradores do Brasil. A Frisa participou com US$ 80 milhões, em um mercado dominado por grandes produtores. Mas agora, como a mediana Frigol, de Lençóis Paulista, a Frisa espera fincar bases na Rússia durante a World Food Moscow.
As duas compartilharão o estande da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), juntamente com os frigoríficos Barra Mansa, Cooperfrigu, Frialto e os já conhecidos por seu grande porte JBS, Marfrig e Minerva.
A Frigol, que teve sua planta do interior paulista liberada recentemente pelo serviço sanitário da Rússia, leva a Moscou um portfólio que inclui cortes convencionais, especiais e produtos industrializados, segundo o gerente de marketing Rafael Pinheiro.
Frangos e suínos
Produtores de suínos e de frangos têm as melhores expectativas, já que são os negócios em que o Brasil mais perdeu nos últimos anos. Os primeiros exportaram 134 mil toneladas no ano passado, pouco mais metade de anos anteriores, e os segundos caíram de 142 mil toneladas, em 2010, para 65 mil, em 2013.
As listas das empresas desses setores não foram fechadas pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), embora as empresas citadas também trabalhem com esses tipos de carnes.
Mesmo assim, o Frigorífico Pif Paf, de Minas Gerais, confirmou à Gazeta Russa que apresentará durante a feira seus produtos avícolas. O gerente de marketing da empresa, Rogério Valério, acredita que a World Food deste ano abrirá uma tendência de crescimento para as exportações da Pif Paf.
“Íamos mesmo sem saber das novas possibilidades de exportação. Assim, vamos trabalhar na feira contando com nossas qualidades”, disse Valério.
O presidente da ABPA, Francisco Turra, lembra que a participação brasileira na feira é algo estrategicamente definido há anos. Além disso, produtores de suínos e de frangos já estiveram bem representados em edições anteriores, mesmo nos “piores períodos" das relações comerciais bilaterais, segundo Turra.
Mesmo com as necessidades russas de suprimento sendo imediatas, Turra explica que o serviço russo sanitário não liberaria novas plantas e tiraria as restrições temporárias de outras. Com informações da Gazeta Russa.