Publicado em 25/11/2014Se nomeada ministra da Agricultura, Kátia Abreu não terá vida fácil. Pelo menos é o que indicam as reações de movimentos sociais e dos principais partidos da base governista, o PT e o PMDB, ao convite feito pela presidente Dilma Roussef à senadora na última quarta-feira (19/11).
Sintomático é o fato de, no sábado (22/11), o Blog da Dilma, um dos maiores canais de apoio à presidente, ter publicado um artigo intitulado “Dilma e um tiro no pé chamado Kátia Abreu”.
Outro entrave para a nomeação é que, assim como Abreu, o atual ministro, Neri Geller, pertence ao PMDB. A senadora reeleita pelo Tocantins, entretanto, filiou-se à legenda há apenas um ano, quando deixou o PSD. Em termos políticos, é quase uma novata para um partido que apoia os governos do PT desde a vitória de Lula em 2002, e que tem na sua cota ministerial a pasta responsável pela produção agrícola do país.
Sem o apoio do principal partido da base aliada, Kátia Abreu, que também preside a CNA, terá que encontrar uma maneira de tranquilizar movimentos como o MST. No sábado, um dia após a divulgação da notícia sobre a indicação, os sem-terra invadiram uma fazenda no Rio Grande do Sul em protesto contra a provável substituta de Neri Geller.
Além do MST, a futura ministra ainda deve enfrentar forte oposição dos ambientalistas, críticos à gestão de Kátia Abreu à frente da Confederação Nacional de Agricultura.
Na web, voltou a circular um abaixo-assinado criado em 2012 pelo Movimento Brasil pelas Florestas em repúdio à possibilidade corrente já naquela época de a parlamentar assumir o Mapa. Até agora, a petição conta com mais de 16 mil assinaturas.
Tudo isso pode ser reflexo da grande identificação de Abreu com o setor produtivo. O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho ressalta o alinhamento entre o trabalho da associação e o da CNA. "Há uma visão muito parecida sobre o que tem que ser feito. Temos a oportunidade de fazer alguma coisa importante”.
“As ações negativas têm um conteúdo ideológico pesado”, diz, sobre o fato de Kátia Abreu ser um nome muito representativo do setor agropecuário e, portanto, mais conhecido que ministros anteriores a Geller que tiveram “uma atuação pífia”, de acordo com a avaliação do presidente da Abag.
Já a Sociedade Rural Brasileira diz que só vai opinar quando – e se – a nomeação for confirmada.
Enquanto o novo ministério não sai, Kátia Abreu já começa a se movimentar. De acordo com a edição desta segunda-feira (24/11) do jornal Folha de S. Paulo, a senadora estaria disposta a implementar um plano de interação entre grandes, médios e pequenos agricultores que trataria assentados como microeempreendedores. Assim, seriam contemplados pelas políticas do ministério da Agricultura. Com informações do Globo Rural.