Publicado em 16/01/2015Quando a Marfrig comprou seu primeiro frigorífico no Uruguai, no povoado de Tacuarembó, em 2006, pediram ao filho do fundador que permanecesse na empresa alguns meses. Assim ele ajudaria na transição. Quem ouve hoje a notícia de que Martín Secco acaba de assumir a presidência do grupo é capaz de jurar que o pedido que lhe fizeram há quase nove anos não foi sério.
Essa não foi a primeira ascensão do executivo uruguaio na companhia. Há pouco mais de um ano ele foi escalado para o comando da Beef Cone Sul (Argentina, Chile, Uruguai e Rio Grande do Sul).
Como muitos podem desconfiar, Secco não é nome de origem uruguaia. Os antepassados de Martín são imigrantes portugueses que se instalaram no Rio Grande do Sul para trabalhar na agricultura.
No início da década de 60, Fernando Secco Aparício, pai de Martín, decidiu trabalhar com charque numa área não explorada, 385 quilômetros distante de Montevidéu. A carne salgada era exportada para Cuba. Em 1967, o rompimento nas relações diplomáticas entre Uruguai e Cuba, provocou uma mudança. O charque foi substituído pela carne fresca, e o Brasil passou a ser o principal mercado de exportação.
É com orgulho que Martín Secco descreveu o projeto de seu pai quando recebeu o Valor em seu escritório no fim de novembro. O executivo de fala mansa e aparência tranquila contou que o local onde Fernando fundou o frigorífico foi o primeiro a receber luz elétrica no Uruguai.
Hoje, Secco faz parte do grupo de executivos do Uruguai que defende acordos comerciais com países fora do Mercosul.
O Uruguai passa a ser agora apenas uma das muitas ocupações que o novo presidente da Marfrig terá pela frente. Com os desafios da nova função, é certo também que ele terá bem menos tempo para contemplar os veleiros e lanchas que se alinham no "Porto del Buceo" (porto de mergulho), a bela vista que se tem do alto do edifício da Marfrig em Montevidéu e onde até aqui Secco trabalhava com mais frequência. Com informações do Valor.