Publicado em 21/01/2015Mais capitalizados em razão dos preços elevados do gado bovino, os pecuaristas voltaram a ampliar os investimentos em genética no ano passado, indicaram ao Valor as principais empresas de inseminação artificial do país. Os números reforçam a tendência de maior uso de tecnologias que visem ampliar a produtividade da pecuária brasileira, atividade que vem sofrendo com a acirrada competição por áreas com a agricultura.
Uma das maiores empresas do mercado brasileiro na comercialização de sêmen bovino, a canadense Alta Genetics registrou vendas recorde em 2014, de acordo com o presidente da empresa no país, Heverardo Carvalho. Ao todo, a companhia comercializou cerca de 4 milhões de doses de sêmen bovino no ano passado, avanço de 9,7% ante as pouco mais de 3,6 milhões de doses vendidas em 2013. Segundo estimativas do mercado, as vendas totais no país superaram 14 milhões de doses em 2014.
"Foi um ano excepcional, sem dúvida nenhuma. Se o produtor recebe mais, investe mais", disse Carvalho, citando os preços "interessantes" do gado bovino pronto para o abate no ano passado. O indicador Cepea/Esalq para o boi gordo em São Paulo - principal referência de preços do país - se valorizou 25%, a R$ 143,75 por arroba no ano passado.
Com os preços do boi em alta, a holandesa CRV Lagoa também ampliou as vendas no ano passado. De acordo com informações fornecidas pela assessoria de imprensa da CRV, as vendas de sêmen bovino aumentaram 6% em 2014 em relação ao ano anterior. Os últimos dados disponíveis da empresa holandesa são do ano fiscal 2011/12 (encerrado em setembro), quando comercializou 4,5 milhões de doses de sêmen.
A companhia, cuja sede no Brasil é Sertãozinho (SP), não informou o número exato das vendas, mas destacou, em nota, que o avanço da comercialização de sêmen para o mercado de leite foi maior que o registrado no de bovinos de corte.
Termômetros do mercado, Alta e CRV são as duas maiores empresas do segmento no país e representam mais de 50% das vendas de sêmen bovino no país, segundo fonte do setor. Ao todo, o mercado de sêmen movimenta cerca de R$ 250 milhões por ano.
Em 2014, a Alta Genetics teve um faturamento de R$ 73 milhões no Brasil, segundo Carvalho. Em todo o mundo, a canadense fatura cerca de R$ 400 milhões por ano. A CRV não quis informar os dados de receita líquida do ano passado. No ano fiscal 2011/12, porém, a empresa faturou R$ 85 milhões no Brasil, conforme reportagem publicada pelo Valor, em outubro de 2012. À época, a companhia holandesa informou que pretendia alcançar um faturamento de R$ 125 milhões no país até 2015.
Para este ano, a expectativa de Alta e CRV Lagoa é que o preço do boi - e da carne bovina - siga impulsionando as vendas de sêmen. Segundo as projeções do presidente da Alta Genetics, as vendas de sêmen bovino da empresa devem crescer 12% neste ano. Ele ressalta o potencial do mercado no Brasil, país onde apenas 10% das matrizes utilizam a tecnologia. "A tecnologia veio para ficar, em pouco tempo, quem não usar estará fora do mercado", disse Carvalho. A CRV não informou a estimativa de crescimento para 2015, mas ressaltou que espera um avanço mais acelerado nas vendas de sêmen para a bovinocultura de corte do que para a pecuária leiteira. Com informações do Valor.