Publicado em 26/03/2015O volume de recursos que será disponibilizado no Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016 é a grande dúvida dos dirigentes das principais entidades representativas do agronegócio do País. Lideranças do setor rural e do agronegócio brasileiro afirmaram que a maior preocupação para o ciclo que se inicia é com relação ao volume de recursos e não ao provável aumento das taxas de juros. O ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues disse que "o aumento de juros já está assimilado pelo setor e que volume de recursos é a grande questão". "O volume de recursos é fundamental. Essa é a grande dúvida", disse.
Rodrigues destacou que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, vem reiterando que tem negociado com outras áreas do governo para evitar que o ajuste fiscal comprometa o setor. Ele destacou que acredita na força do diálogo de Kátia.
A ministra foi empossada ontem em evento, em São Paulo, como nova integrante da Academia Nacional de Agricultura. Na ocasião, diversos representantes de entidade do setor ouviram dela a promessa de que poderiam ficar "tranquilos", pois um setor "que é só sucesso não vai sofrer nenhuma redução de recursos dos nossos custeios".
O presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, João Sampaio, concorda com o ex-ministro e diz entender que o aumento de juros é algo "inevitável". "Isso está precificado, mas a preocupação maior é com o volume de recursos", afirmou. Os juros médios do crédito rural estão atualmente em 6,5% e o crédito rural na safra 2014/2015 foi de R$ 156 bilhões. Sampaio disse ainda que "tem a sensação" de que os juros podem chegar a casa dos 8,5%. "É mais importante que se mantenha o volume dos recursos a juros controlados", reforçou.
Durante sua fala no evento, a ministra garantiu que o aumento de juros para o crédito rural do próximo plano safra "acompanhará nominalmente a inflação". "Sabemos do acréscimo dos juros; o setor está esperando. Aumento não vai inviabilizar a atividade e será compatível e no mesmo patamar da inflação", afirmou.
Tanto Rodrigues quanto Sampaio reconheceram o momento favorável do câmbio, já que a atual safra foi plantada com um dólar na casa dos R$ 2,60 e está sendo colhida por volta dos R$ 3,10. "É o melhor dos mundos, houve esse ganho, mas agora vamos plantar com o dólar nesse patamar e não sabemos como será (a colheita) já que estamos com muitas incertezas", ponderou o ex-ministro. Sampaio também se mostra cauteloso com o comportamento da moeda norte-americana. "O dólar agora nos ajuda, o risco é plantar a R$ 3,10 e colher a R$ 2,60. Vamos esperar para ver", concluiu.
Kátia Abreu reforçou o apoio ao ajuste do governo e exaltou os empresários do setor pelo otimismo. Segundo ela, nesses primeiros meses de mandato não recebeu nenhum empresário ou entidade que mostrasse pessimismo. "Esse setor só tem me dado alegrias", disse, ressaltando que em alguns momentos se sente em uma ilha de otimismo. "Queremos não viver numa ilha de prosperidade e sim num continente de prosperidade", disse. Com informações do Jornal do Comércio.