Publicado em 06/05/2015A pecuária de corte tem atualmente o melhor cenário de médio e longo prazo entre os produtos do agronegócio brasileiro. A avaliação foi feita pelo engenheiro agrônomo, doutor em Economia Aplicada e sócio-consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, em palestra nesta segunda-feira (4), no Simpósio Confinar, em Campo Grande.
Barros fundamenta sua avaliação argumentando que o cenário de restrição de oferta de carne bovina, nos três principais fornecedores mundiais, os Estados Unidos, o Brasil e a Austrália, tem sustentado os preços em patamares elevados.
No caso dos Estados Unidos, por exemplo, ele explica, com base em dados do Departamento de Agricultura do país (USDA), que o rebanho bovino que 1975 era de 132 milhões de animais, caiu para 89,8 milhões este ano, sendo 39 milhões de vacas e novilhas e 33 milhões de bezerros.
Ele disse que o país está atualmente em ciclo de retenção de matrizes, em que a restrição de animais prontos para o abate fez com que o preço da arroba chegasse a patamares recordes, oscilando entre US$ 100 e US$ 105 em média, enquanto que carnes “concorrentes” como a de suíno, por exemplo, despencaram de preço.
Barros, diz que a situação fez com que os Estados Unidos priorizassem o abastecimento interno em detrimento de outros mercados que ocupavam, o que acabou abrindo espaço para a carne bovina produzida pela Austrália, mas que o país também deve iniciar um período de retenção de matrizes, que pode provocar uma redução de 1 milhão a 2 milhões no número de animais que serão abatidos neste ano.
Além da questão da oferta, Barros diz que a pecuária de corte, a exemplo de outras commodities do agronegócio que são exportadas, como a soja e o milho, também tem se beneficiado da valorização do dólar diante do real no mercado interno.
Outro aspecto destacado pelo especialista é quanto a abertura de novos mercados. Com a restrição da oferta, o país pode entrar em novos mercados, como o próprio norte-americano, o do Japão, o da Coreia do Sul e o da China.
Barros diz que analistas chineses projetam que as importações de carne bovina nos próximos dez anos devem crescer de 1,5 milhão de toneladas para 5 milhões de toneladas por ano, o que representa mais da metade das exportações globais do produto, que são de aproximadamente 9 milhões de toneladas.
Questionado, se em razão dessa conjuntura que se desenha o preço da arroba do boi poderia chegar a patamares de R$ 180 a R$ 200, o especialista disse que somente se houver uma desvalorização muito grande do real perante o dólar, com o valor da moeda americana chegando próximo ao patamar de R$ 4, caso contrário, segundo ele, não existem fundamentos no mercado neste momento que indiquem uma valorização tão grande do produto. Com informações do Agrodebate.