Publicado em 04/09/2015Até dezembro de 2014, segundo o Banco Central, os débitos dos ruralistas já ultrapassavam R$ 290 bilhões. Agora, diante do câmbio e do salto nos custos de produção, surge uma preocupação de que aumentem as dificuldades de os produtores honrar os compromissos financeiros.
O montante refere-se a recursos tomados com as instituições financeiras destinados a custeio, investimento e comercialização das últimas safrasagrícolas. O assunto foi debatido em uma comissão geral da Câmara, na última quarta-feira (2), a fim de encontrar soluções que possam ser implementadas pelo governo federal.
"Os produtores estão em um momento de total instabilidade diante dos compromissos assumidos. O objetivo do debate é levar sugestões de medidas a serem tomas pelo governo, junto aos bancos, para viabilizar o pagamento do saldo devedor pelos produtores rurais. Vamos ouvir os participantes do debate para ver como está a situação da dívida no campo", afirma o deputado Zé Silva (SD-MG), em nota, responsável pela solicitação da reunião.
A assessoria do parlamentar informou ao DCI que será produzido um documento a partir das solicitações dos representantes da cadeia produtiva presentes no encontro, e enviado aos órgãos responsáveis pelas questões de crédito rural.
No próximo dia 30, as instituições financeiras, a Presidência e os Ministérios da Fazenda, Planejamento, Agricultura e Desenvolvimento Agrário receberão o documento. Ainda não há um local definido para a reunião de entrega.
Aumento de despesas
O avanço da moeda norte-americana sobre o real elevou os preços de grande parte dos insumos agropecuários. Soma-se a isso a alta dos juros estabelecidos pelo Plano Safra, atualmente em 8,75%. Vale lembrar que R$ 30 bilhões do plano foram disponibilizados a tarifas de mercado, que, segundo representantes do setor, já chegaram até 18%.
Um levantamento anual de custos de produção da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) indica que a safra 2015/ 2016 terá os desembolsos mais altos dos últimos 21 anos para os cultivos de arroz e soja, por exemplo.
No arroz, que teve um incremento de 15% nos gastos, só o custo para a lavoura ficará em R$ 35,83 por saco. O desembolso total, considerando o gasto com terra, sobe para R$ 43,64, e o custo operacional total, que abrange valores de desembolso e depreciação, sem considerar o da terra, foi projetado em R$ 39,55. Na soja gaúcha, o desembolso da próxima safra aumentará 19%, totalizando R$ 45,04 por saco. O custo operacional total atingirá R$ 48,23, alta de 17%, e o custo total chega a R$ 72,52 no pior dos resultados obtidos.
"A energia elétrica e a alta do diesel, impactam na operação de máquinas e no frete", acrescenta a entidade. Na região, as despesas com irrigação subiram 38%, puxadas pela alta da tarifa de energia elétrica de 102% nos últimos 12 meses.
Pequeno produtor
Nas próximas semanas haverá uma reunião da subcomissão da agricultura familiar e extensão rural para tratar do mesmo problema que afeta os grandes produtores.
"Mesmo com os juros mais baratos para o pequeno produtor, identificamos um grande aumento na inadimplência nos últimos anos. Parece que o foco está na regulamentação fundiária, nos assentamentos", comenta o deputado federal Sergio Souza (PMDB-PR) que solicitou o encontro de parlamentares, ao DCI. Com informações do DCI..