Publicado em 30/09/2015Os preços do boi gordo devem continuar em patamares elevados nos últimos meses de 2015 e também ao longo de 2016, prevê o médico veterinário Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria, que abriu o ciclo de palestras do evento pecuário Encontro dos Encontros.
“No ano que vem, a arroba pode até cair um pouco em relação aos valores de 2015, mas o quadro de preços continuará bastante favorável ao pecuarista”, avalia. Apesar da situação econômica caótica do País, diz Neto, a menor oferta de boiadas continuará ditando as regras no mercado do boi neste e no próximo ano.
“O quadro de escassez de animais tem sido o principal responsável pela valorização no preço do boi, que subiu 20% de janeiro a agosto de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma. Considerando os valores deflacionados pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), a arroba subiu 14% no período de oito meses”, informa Neto.
Retenção de fêmeas - Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os pecuaristas começam a segurar mais as fêmeas nas fazendas, com o intuíto de aproveitar o ótimo momento vivido pela atividade de cria, beneficiada pela disparada do valor do bezerro. No primeiro trimestre de 2015, o percentual de participação de fêmeas nos abates gerais de bovinos computados pelo IBGE foi de 44%, ante a taxa de 47% registrada nos primeiros três meses de 2014.
No entanto, na avaliação do analista da Scot, o movimento de retenção de matrizes só influenciará positivamente a oferta de animais desmamados a partir de 2017. “Para 2016, ainda devemos sentir os efeitos do descarte maior de vacas dos últimos anos (desde 2011)”, avalia Neto. Com isso, ressalta ele, a tendência no curto (em 2015) e médio (2016) prazos é de preços ainda altos tanto para o boi gordo quanto para os animais de reposição.
Consumo retraído – Na avaliação de Neto, o valor do boi gordo poderia estar em patamares ainda mais elevados que os atuais se não fosse a atual conjuntura de consumo fraco para a carne bovina, motivada justamente pelo aumento de preço do produto no varejo e pela crise na economia (elevação da taxa de desemprego, da inflação e queda do PIB – Produto Interno Bruto). Essa situação, continua o analista, faz o consumidor brasileiro buscar proteínas alternativas, como o frango, que, segundo palavras do engenheiro agrônomo Alcides Torres, o “Scot”, diretor-fundador da Scot Consultoria, tem sido novamente “a âncora verde da economia” (assim chamado nos primórdios do Plano Real, quando o produto foi um dos responsáveis pelo combate à inflação).
Relação de troca - Segundo dados citados por Hyberville Neto na palestra, em agosto deste ano o preço do quilo de carne bovina de dianteiro no atacado de São Paulo equivalia a 2,32 kg de frango. “No mesmo período de 2014, essa relação de troca era de 1,98 kg de frango por quilo de dianteiro”, compara. Porém, a relação de troca continua favorável ao pecuarista no que diz respeito à maioria dos insumos. “A situação só está difícil no segmento de reposição”, afirma Neto, citando o forte aumento nos preços de animais mais jovens, sobretudo do bezerro, cujo valor subiu bem acima da arroba do boi gordo no último ano. Com informações do portal DBO.