Publicado em 25/11/2015A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no frigorífico Bertin, em Lins (SP), nesta terça-feira (24), para coleta de provas relacionadas a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, em Brasília. A ação integra a 21ª fase Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras.
Nos mandados expedidos pela Justiça aparecem os nomes dos empresários de Lins ligados ao setor frigorífico, Silmar Roberto Bertin e Natalino Bertin. Segundo as investigações, os empresários da cidade teriam sociedade com os filhos de Bumlai em uma empresa que teria conseguido um empréstimo de R$ 104 milhões no BNDES quando a empresa estava inativa e com sete funcionários.
O G1 e a TV TEM tentaram falar com os advogados dos empresários Natalino e Silmar, mas eles não foram localizados.
Nos mandados de busca e apreensão o juiz federal Sérgio Moro pede ainda que sejam apreendidos documentos que expliquem o destino final do empréstimo concedido ao pecuarista José Carlos Bumlai em 2004 pelo banco Schahin. As investigações apontam que Bumlai transferiu parte do empréstimo ao grupo Bertim em 2004.
“Passe Livre”
A operação desta terça-feira, chamada de Passe Livre, também foi realizada nas cidades de São Paulo, Piracicaba, Rio de Janeiro, Campo Grande, Dourados (MS) e Brasília. De acordo com nota da assessoria de imprensa da Polícia Federal de Curitiba, a ação envonveu 140 policiais federais e 23 auditores fiscais que cumpriram 25 mandados de busca e apreensão e uma de prisão preventiva.
Segundo a Polícia Federal, as investigações desta fase apuram a contratação de navio sonda pela Petrobras. Há indícios de fraude no procedimento licitatório.
As investigações apontam ainda que "complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da estatal", de acordo com a polícia.
Em nota, a PF afirmou também que os investigados que tiverem ordens de condução coercitiva deferidas serão ouvidos no município onde forem localizados. Já as pessoas presas serão transferidas para a custódia da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerá a disposição do juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Os investigados responderão por crimes de fraudes à licitação, falsidade ideológica e de documentos, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, entre outros.
Relação antiga
Levados coercitivamente para prestar depoimento no âmbito da 21ª etapa da Operação Lava-Jato, os empresários Silmar Roberto Bertin e Natalino Bertin eram acionistas do frigorífico Bertin, que teve seu controle vendido à JBS em 2009. Em meados da década passada, o frigorífico dos Bertin era um das maiores produtores e exportadores de carne bovina do Brasil, mas a empresa entrou em dificuldades financeiras após a crise de 2008 e, mesmo após receber um aporte bilionário da BNDESpar, foi vendida para a JBS meses depois.
A relação dos Bertin com o pecuarista José Carlos Bumlai, preso ontem na operação da Polícia Federal (PF), é antiga. O pecuarista, que chegou a ter um rebanho de mais de 150 mil bois em Mato Grosso do Sul, foi um grande fornecedor de bois para o frigorífico Bertin, que tinha unidades no Estado. À época, meados de 2000, os Bertin buscavam expandir e diversificar os negócios e teriam, segundo uma fonte do mercado, pedido o apoio de Bumlai.
Os Bertin também foram sócios de Bumlai na usina sucroalcooleira São Fernando, em Dourados (MS), que começou a ser construída em 2007, mas deixaram a sociedade em 2011. No entanto, os Bertin continuam como avalistas dos financiamentos da usina no Banco do Brasil e no BNDES, os dois maiores credores da empresa, que pediu recuperação judicial em 2013.
Em 2009, quando venderam o controle do frigorífico Bertin para a JBS, os Bertin se tornaram sócios da gigante de carnes, mas no ano passado chegaram a um acordo para deixar a sociedade na holding J&F Investimentos, que controla a JBS e outros negócios da família Batista.
De acordo com a J&F, a formalização da saída dos Bertin do capital da holding ocorreu no último dia 29 de setembro. Natalino Bertin, contudo, ainda consta como sócio indireto da J&F, conforme o formulário de referência enviado pela JBS à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em outubro. Procurados, os Bertin não foram encontrados. Com informações do G1 e do Valor.