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Manejo e nutrição corretos na produção de bezerras
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Publicado em 20/06/2007Emerson Marques Botelho
Considerada uma das principais atividades das fazendas leiteiras, uma vez que a melhoria genética do rebanho depende do descarte de vacas velhas e a entrada de fêmeas bem criadas, a criação de bezerras passa por fases críticas que devem ser constantemente observadas. Porém, quando bem assistida e com a realização correta do manejo, traz resultados surpreendentes para o criador: novilhas sendo inseminadas antes dos 18 meses, primeiro parto por volta dos dois anos, grandes picos de lactação, rebanho com produtividade em alta e, conseqüentemente, maiores retornos.
Os animais são frágeis nesta idade, cujas taxas de mortalidade podem atingir em torno de 50%, inviabilizando economicamente a produção de leite. Para garantir a imunidade da bezerra, é importante o adequado manejo de colostro. Por isso, o incentivo ao pecuarista para a formação do banco de colostro formado pelas vacas que produzem, com qualidade, este material. O colostro deve ser fornecido nas primeiras 2 horas de vida e mantido até 3 dias no volume de 4 litros por dia. Outra etapa crítica é a primeira semana de vida da bezerra, pois neste período os animais estão mais susceptíveis a doenças. Uma das portas de entrada de doenças é o umbigo, cujo tratamento com iodo 10% deve ser criterioso e realizado em todos os animais logo após o nascimento.
As características dos bezerros, ao nascerem, são de animais monogástricos, já que o abomaso, estômago verdadeiro, constitui 60% de todo o volume dos estômagos. Isso se deve ao fato de que nesta fase a alimentação do animal é praticamente líquida. Por isso, é preciso aplicar uma dieta adequada para o desenvolvimento do rúmen e de suas papilas, realizando, assim, a transição ideal de pré-ruminante para ruminante.
Após a colostragem dos animais, entre 8 a 10 semanas de vida, o bom desenvolvimento das bezerras é garantido com uma dieta em torno de 4 litros de suscedâneo de leite, rica em ração balanceada e água à vontade. Inicialmente, os suscedâneos foram desenvolvidos para serem uma opção mais barata que o leite, já que este pode se destinar à venda. Hoje, existem produtos com características que permitem um desenvolvimento mais adequado das bezerras e flexibilidade maior de manejo. É importante ressaltar a atenção para a higiene dos materiais envolvidos na diluição e fornecimento do suscedâneo, bem como a temperatura correta da água de diluição do produto, em torno de 42º C.
A principal função da ração para bezerras é a de desenvolver as papilas ruminais, já que ao ser fermentado no rúmen, este alimento produz ácidos graxos voláteis que propiciam condição excelente para isso. A ração deve ser deixada à disposição para que a bezerra aumente o consumo de forma gradativa até que atinja 0,5 kg/dia, quando será feito o desmame do animal. É recomendado o fornecimento de feno de boa qualidade a partir da 8ª semana, mas deve ser introduzido na dieta de forma crescente até ser deixado a vontade. E, lembre-se: o fornecimento de feno antes desta etapa pode fazer com que os animais tenham um rúmen com grande volume, mas com poucas papilas desenvolvidas.
Para finalizar, não se pode esquecer de que todo o manejo da bezerra deve ser realizado em um ambiente limpo e adequado ao seu desenvolvimento. O mais recomendado é a criação em casinhas individuais até o desmame, quando passam a ser criadas em piquetes coletivos. Neste caso, é importante formar grupos de, no máximo, 8 animais separados por tamanho.
Emerson Marques Botelho é médico veterinário e gerente de produtos para ruminantes da Cargill Nutrição Animal - Purina |
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