Publicado em 25/05/2016Depois da Petrobras, que captou US$ 6,75 bilhões na semana passada, a Marfrig voltou ontem ao mercado internacional de dívida com a expectativa de levantar US$ 500 milhões. Assim como a estatal, a empresa de carnes pretende usar os recursos para financiar a recompra de bônus em circulação no mercado, numa estratégia de troca de dívida curta por mais longa.
A oferta dos novos títulos, que terão prazo de sete anos com vencimento em 2023, foi lançada com uma taxa de remuneração inicial estimada entre 8% e 8,5%, segundo um operador de mercado. A previsão é que a emissão, classificada com o rating "B+" pelas agências S&P e Fitch, seja concluída hoje com uma demanda boa.
Na segunda e terça-feira, a empresa esteve reunida com investidores nos Estados Unidos e na Europa. Participam da operação o Banco do Brasil, Bradesco, HSBC, Morgan Stanley e Santander.
A emissão da Marfrig ocorre simultaneamente a uma oferta de recompra de títulos das subsidiárias Marfrig Holdings e Marfrig Overseas com vencimentos em 2016, 2017, 2018 e 2020, cujo estoque no mercado alcança US$ 1,6 bilhão. A prioridade, segundo comunicado da empresa, é recomprar as emissões de 2016 e 2017, com valor total de US$ 337,03 milhões em aberto e cupom de 9,625% e 9,875% ao ano, respectivamente - acima do preço inicial da emissão.
Pelos papéis de 2016, a empresas está oferecendo o preço total de US$ 1.029 para US$ 1.000 de principal, sendo US$ 30 como valor antecipado. No mercado secundário, os títulos eram negociados ontem a 102,35% do valor de face, ou seja, pouco abaixo da oferta. Para a emissão de 2017, o valor total a ser pago na recompra é de US$ 1.049,38 por nota (sendo US$ 30 de antecipação), pouco acima do preço do papel no secundário, de 103,5% do valor de face.
No caso de sobra de recursos, a Marfrig pretende usar o dinheiro até o limite de US$ 500 milhões para a recompra dos títulos com vencimento em 2018 e 2020, no valor total de US$ 1,2 bilhão e remuneração de 8,375% e 9,5% ao ano, respectivamente. O prazo para participar da oferta antecipada termina em 6 de junho e para aderir à recompra, 20 de junho.
Segundo uma fonte próxima à operação, mesmo que a emissão atraia uma demanda maior, a empresa não tem objetivo de elevar o montante a ser captado, uma vez que tem dinheiro em caixa decorrente da venda da subsidiária Moy Park para a JBS, firmada em setembro do ano passado.
A recompra de bônus tem sido parte da estratégia da Marfrig para redução do endividamento. Nas duas últimas operações, uma concluída em outubro do ano passado e outra em abril de 2016, a Marfrig recomprou US$ 478,3 milhões em títulos no exterior de vários vencimentos. De acordo com o resultado da recompra mais recente, a companhia ainda tinha US$ 2,26 bilhões em bônus no mercado.
No fim do primeiro trimestre o prazo médio do endividamento da Marfrig era de 4,1 anos, sendo seu custo médio de 7,64%. Pelo cronograma da dívida, R$ 1,87 bilhão vencem em 2016, R$ 970 milhões em 2017, R$ 2,13 bilhões em 2018 e R$ 2,45 bilhões em 2019. Com informações do Valor.