Publicado em 19/10/2016O processo de consolidação da indústria global de proteína animal vai continuar nos próximos anos, afirmou o presidente mundial da JBS, Wesley Batista. Apesar de a consolidação já estar praticamente concluída nos Estados Unidos e no Brasil, os maiores países exportadores de carne bovina e de frango do mundo, há muitas oportunidades na Europa e no continente asiático.
"Na Europa, a indústria tem um caminho de consolidação bem grande", disse o empresário em entrevista a jornalistas no Salão Internacional de Alimentação (Sial), em Paris. Nesse processo, a JBS seguirá como protagonista. Na última década, auge da consolidação, a companhia se transformou na maior empresa mundial de carnes, com vendas superiores a R$ 160 bilhões. "Queremos ser um player global que continua crescendo e consolidando", enfatizou Batista.
Até o fim de 2017, porém, Batista reiterou que a companhia não deve voltar às compras, mas gerar caixa e integrar os negócios comprados no passado recente. "Fizemos muitas aquisições nos últimos anos. Então, nosso foco vai ser 100% geração de caixa durante o ano que vem todo. Depois, espero que tenhamos condições de vislumbrar novas oportunidades para 2018", disse ele.
Questionado sobre as perspectivas para o consumo global de carne nos próximos anos, Batista discordou das avaliações que apontam para uma transformação da carne bovina em artigo de luxo, dada as restrições para o crescimento da produção em muitos países. "Vai continuar sendo uma proteína acessível desejada. Para chegar ao ponto de ser um consumo seletivo, ainda vai [demorar]", avaliou Batista. De todo modo, o empresário reconheceu que o potencial de crescimento da produção mundial frangos e suínos é maior.
Indagado sobre a reorganização societária da JBS, Batista reafirmou que a criação da JBS Foods International, com sede na Irlanda e domicílio fiscal no Reino Unido, não foi feita com objetivo de obter vantagens tributárias. Segundo ele, a reorganização trará outras vantagens, como maior acesso aos investidores – a companhia terá ações listadas na bolsa de Nova York (NYSE) – e diminuição do custo de capital.
De acordo com Batista, não há relação entre a decisão da Receita Federal brasileira que incluiu a Irlanda na lista de paraísos fiscais e a reorganização da JBS. "Não tem nada a ver. É só olhar a reorganização. Estamos com nossa sede fiscal na Inglaterra".
Do ponto de vista fiscal, disse Batista, a reorganização societária da JBS tem mais relação com os EUA do que com o Brasil. Desenhada pela Pricewaterhousecoopers, a estrutura da JBS Foods International visa evitar bitributações. Isso acontece porque alguns países, como Estados Unidos e Austrália, não têm acordo bilateral de não bitributação. Com informações do Valor.
