Publicado em 06/04/2017Os maiores frigoríficos do país não foram os únicos a reduzir o nível de produção de carne bovina em decorrência da Operação Carne Fraca, que afetou a demanda externa e prejudicou as vendas no mercado interno. O Frialto, frigorífico mato-grossense de médio porte que fatura cerca de R$ 1 bilhão por ano, diminuiu os abates em mais de 30%.
"Ficamos com muito estoque", disse ao Valor o diretor da empresa, Paulo Bellincanta. Segundo ele, a queda das vendas nos mercados externo e interno obrigou a companhia a pisar no freio. "O melhor era dar um tempo na oferta de carne para as coisas assentarem e o consumo voltar ao normal", argumentou o empresário, que é um dos sócios do frigorífico.
Atualmente, o Frialto abate bovinos em duas unidades. Em Matupá, na porção norte de Mato Grosso, os abates foram reduzidos de 800 bovinos por dia para 500 cabeças devido à Operação Carne Fraca, redução superior a 35%.
O Frialto também deu férias coletivas aos funcionários da área de desossa da unidade de Matupá. Conforme Bellincanta, as férias coletivas durarão 20 dias. Em torno de 250 funcionários dessa planta entraram em férias coletivas.
Na unidade de Nova Canaã do Norte, também em Mato Grosso, os abates foram reduzidos em 30%, para 350 bovinos por dia, segundo Bellincanta. Na unidade que tem em Sinop, o Frialto faz apenas a dessosa, mas essa atividade também foi afetada. Diante do menor número de bovinos abatidos, naturalmente há menos a desossa.
Para o diretor do Frialto, a retomada dos níveis de produção de carne bovina deve ocorrer gradualmente. "A aposta que fazemos é que, ao longo deste mês, haja uma retomada do processo aos níveis anteriores [à Carne Fraca]", afirmou.
No momento, ressaltou, os importadores estão barganhando. "Temos alguns mercados querendo comprar, mas exigindo preços menores. Então, é preferível reter o abate para não admitir uma queda do preço em dólar", acrescentou Bellincanta. Com informações do Valor.