Publicado em 18/04/2017Um mês após a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, o mercado da carne em Mato Grosso não apresentou os resultados negativos esperados. Ao contrário, as exportações aumentaram e os preços no varejo se mantiveram. Já os pecuaristas amargam queda de 4,6% no preço da arroba do boi nos últimos 30 dias, percentual que sobe para 10,6% na variação anual. O valor a arroba baixou de R$ 136,8 em abril de 2016 para R$ 122,27 este mês, de acordo com índice do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea) para Cuiabá.
Para o consumidor final o preço da carne ficou estável, em R$ 21,10 o quilo, leve variação de 0,4% entre março e abril. Segundo avaliação da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a diferença no comportamento de preços ao consumidor e ao pecuarista é consequência da paralisação de 7 plantas frigoríficas no Estado. Estão suspensos os abates nas unidades do JBS em Juína, Alta Floresta, Pedra Preta e Diamantino, do Marfrig em Tangará da Serra, do Minerva em Várzea Grande e do Frialto em Matupá.
Estas empresas alegaram que a Operação, deflagrada dia 17 de março, e o fechamento temporário de alguns mercados externos, levaram a indústria a readequar os estoques e conceder férias coletivas. A decisão dos frigoríficos é vista pelo setor produtivo como uma estratégia de mercado para manipulação de preços. O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, explica que esta manobra fica mais evidente ao comparar o movimento dos preços no campo com o varejo. “Mais uma vez, o pecuarista paga sozinho a conta e o consumidor final não sente os reflexos efetivos da queda no preço da arroba. A demanda interna se manteve e as exportações em março não foram prejudicadas com as oscilações de mercado. Mesmo assim, a arroba caiu mais de 10%”.
O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT), Luiz Antônio Freitas, discorda da afirmação da Acrimat de manipulação de preços e afirma que a queda na cotação da arroba do boi é decorrente do comportamento do mercado. “O mercado é soberano, sempre prevalece a lei da oferta e da procura. Com a paralisação de alguns frigoríficos houve mais boi no mercado e os pecuaristas também passaram a reter os animais, o que reflete diretamente nos preços, para baixo”. Freitas acrescenta ainda que o consumo interno está retraído, consequência da crise econômica e também da operação da PF. “Mas acreditamos que aos poucos o mercado vai se recuperar, o consumidor retomará a confiança, os frigoríficos voltarão a abater e os preços vão se comportar como antes”.
Para o pecuarista, os números do mercado não batem com o valor oferecido por seu produto. Raphael Nogueira, de Castanheira, diz que na região os criadores têm poucas opções para vender e com a paralisação dos abates em Juína a situação se agravou. “Hoje a melhor opção é Tangará da Serra e com isso o preço caiu bastante. A arroba do boi aqui já está R$ 121, R$ 4 a menos do que estavam pagando no começo da crise”. Com informações da Acrimat.