Publicado em 18/05/2017A JBS, maior indústria de alimentos do mundo, suspendeu as compras de boiadas à vista em algumas de suas unidades a partir de ontem. A informação foi repassada por um agente ligado ao setor, destacando que essa mudança para compra a prazo é uma prática adotada em todos os estados de atuação da empresa, com exceção de São Paulo, pelo menos até agora.
Segundo a fonte, houve um aumento significativo na procura de contratos à vista nos últimos dias, por isso a atitude da empresa. Mas, apesar de estar efetuando somente negócios no prazo com 30 dias, a antecipação do recebimento pode ser feita pelo Banco Original [também pertencente à Companhia J&F, dona da JBS] mediante a cobrança da Nota Promissória Rural (NPR), no valor de 3,1% ao mês.
Há grande preocupação dos produtores com relação a saúde financeira da empresa. No Mato Grosso, por exemplo, a JBS corresponde a mais de 50% do abate total do estado. “Há um temor sobre os desdobramentos da operação e de que forma isso poderia afetar a liquidez do mercado”, diz.
Na última sexta-feira (12), dois sócios do grupo JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, estiveram novamente na mira da PF, desta vez na Operação Bullish, que aponta prejuízo aos cofres públicos de R$ 1,2 bilhão, por supostas fraudes em aportes do BNDES.
Segundo Paulo José Mano, pecuarista em Mato Grosso, por cautela iniciou-se uma forte tendência por todo o país de vendas somente à vista. Ele, que havia vendido com pagamento para 30 dias, solicitou na segunda-feira (15), antecipação do recebimento dos valores relativos à venda de boiadas. Nessa operação, o prejuízo total do produtor se aproximou de R$ 8 mil reais.
“Não sabemos se a empresa está preparada para um grande volume de retiradas”, acrescenta o pecuarista Oswaldo Furlan, o coordenador do grupo Pecuária Bauru (GPB). Segundo ele, algumas unidades de abate não fazem contratos à vista, mas os produtores estão vendendo as boiadas a prazo, para posteriomente solicitar a antecipação do pagamento.
Em nota a JBS informou que "não comenta suas políticas comerciais por questões estratégicas. A Companhia informa ainda que suas operações seguem dentro da normalidade dos negócios”.
A maior preocupação nesse cenário fica por conta dos produtores localizados em regiões que não possuem alternativas de venda. Os analistas afirmam que somente os rumores em relação aos desdobramentos da Operação Bullish já travaram o mercado no início desta semana. Com informações do Notícias Agrícolas.