Publicado em 19/07/2017Mato Grosso registrou em junho recorde mensal do ano em exportação de carne bovina, refletindo aumento da demanda internacional e a conseqüente evolução dos preços em dólar. Mesmo assim, a boa notícia – já que o complexo carnes (bovina, suína e de aves) é o terceiro principal produto da pauta estadual - não tem repercutido em rentabilidade para o criador, como destacam técnicos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em um cenário inversamente proporcional, o preço da arroba atingiu o menor patamar dos últimos meses, R$ 112,9 para o boi gordo à vista, sem desconto do Fundo de Contribuição Rural (Funrural), o que achata ainda mais o retorno ao pecuarista.
Esta semana, o boletim do Imea divulgou que o preço médio do boi gordo está R$ 115,68, o que representa desvalorização de 12,3% em comparação com o mesmo período de 2016, quando o preço era R$ 131,97. Ao longo do ano, comparando o valor praticado em janeiro com o da semana passada, a redução é de 8%, de R$ 125,98 para R$ 115,68.
“Mesmo com a evolução das exportações, a arroba bovina no Estado, segue na direção contrária, acumulando perdas e reduzindo o poder de troca, de compra e barganha do pecuarista”, destacam os técnicos.
Conforme dados apurados pela Acrimat e pelo Imea, em junho, Mato Grosso exportou o maior volume já observado em 2017, ao enviar 28,7 mil toneladas equivalentes carcaça (TEC), e consequentemente faturar mais, US$ 98,2 milhões. “Alguns fatores, como aumento da oferta de gado e a sequência de crises vivenciadas pelo setor, contribuem para a desvalorização do preço da arroba”, como explica o presidente da Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares. Ainda como pontua, as crises estão sendo utilizadas para pressionar os preços no mercado interno, e os produtores, como precisam vender, acabam aceitando os valores ofertados. “Mesmo com a reação do mercado, o abate sendo retomado após a forte queda em abril e as exportações em recuperação, os preços continuam em baixa por pressão da indústria”, afirma o presidente.
O economista da PR Consultoria, Carlos Vitor Timo Ribeiro, acrescenta que o desempenho do segmento fechou o semestre em evolução, mesmo comparado ao mesmo período do ano passado, quando alguns fatores internos atuais inexistiam. “A carne bovina acumulou neste primeiro semestre do ano U$ 494,52 milhões de faturamento e vem sustentando a terceira posição na pauta externa estadual, registrando aumento de 8,2% em valor e apenas 1,5% em volume apesar do aumento de 6,5% no preço internacional”. Ainda como avalia o economista, “A manutenção desse desempenho positivo está fortemente ameaçada pela ‘Operação Carne Fraca’ e pela ‘delação criminosa da JBS’, que trazem ainda consequências negativas ao setor, principalmente no segmento bovino”.
Ribeiro pontua ainda que até junho, Mato Grosso respondeu por 18,6% das exportações de carne bovina do país. “Percentual bem aquém do nosso potencial”. O Estado detém o maior rebanho de bovinos do Brasil, com cerca de 29 milhões de cabeças.
O Diário Oficial do Estado de Mato Grosso do dia 17 de julho, que circulou ontem, trouxe a publicação da Lei 10.568, que dispõe sobre a concessão de crédito presumido, no âmbito do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), nas saídas interestaduais de gado em pé, criado no território mato-grossense. De acordo com a publicação, a alíquota do ICMS passa de 9% para 4%, por um período de 90 dias, retroativa a de 1º de julho e expirando em 30 de setembro.
A redução da alíquota possibilita que o produtor mato-grossense comercialize seus animais para abate em indústrias de outros Estados, sem que o desconto do tributo inviabilize a comercialização, dando mais opções de mercado para o pecuarista. Com informações do Diário de Cuiabá.