Publicado em 11/08/2017A J&F Investimentos, holding da família Batista, injetou cerca de R$ 490 milhões no Banco Original em julho. O aporte de metade desses recursos foi feito por meio da transferência de ações da JBS detidas pela FB Participações - veículo por meio do qual os irmãos Batista controlam a JBS -, enquanto outros R$ 245 milhões foram realizados em dinheiro, segundo o Valor apurou.
Procurada, a J&F informou que a transferência de ações se deu porque a holding comprou uma carteira de crédito do Original. A J&F não confirmou o valor do aporte em dinheiro. Em nota, a holding disse que "trata-se de uma operação de rotina do banco". De qualquer forma, com a operação o banco "trocou" ativos menos líquidos por outros mais líquidos. Em março, data da última informação disponível, o Original possuía uma carteira de crédito de R$ 2,55 bilhões, conforme dados do Banco Central (BC).
De acordo com um formulário protocolado ontem pela JBS na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no dia 11 de julho uma ordem de transferência de ações foi celebrada entre a FB Participações e o Banco Original, com a intermediação da Itaú Corretora.
Ao todo, foram transferidas 35 milhões de ações da JBS, ao preço de R$ 6,99. Naquele dia, esses papéis valiam R$ 245 milhões. Com a recente alta das ações da empresa, os papéis agora detidos pelo Original valem cerca de R$ 280 milhões.
Em 30 de junho, último dado disponível, o Banco Original tinha 5,4 milhões de ações da JBS, o equivalente a 0,19% das ações da empresa de carnes. Com as transferências, a fatia do Original na JBS fica próxima de 1,5% do capital da companhia de alimentos. Questionado pelo Valor sobre a transação, o BC afirmou que não comenta casos específicos.
Essa não é a primeira vez que a J&F ajuda o Banco Original. Numa operação atípica, o banco vendeu a marca para os controladores, por R$ 422 milhões, o que assegurou o lucro do banco no ano passado. Não fosse essa venda, o Original teria registrado um prejuízo de R$ 278,6 milhões em 2016.
No primeiro trimestre, o banco Original registrou um prejuízo de R$ 144,6 milhões, de acordo com dados entregues ao BC. A instituição encerrou março com um patrimônio líquido de R$ 2,1 bilhões e R$ 8,2 bilhões em ativos totais.
O banco da família Batista ganhou corpo em março de 2011 depois da compra do banco Matone em uma operação financiada pelo Fundo Garantidor de Créditos em R$ 1,85 bilhão ao custo de CDI. Agora, a eventual venda do banco da J&F esbarra justamente nessa dívida, que é avaliada em R$ 3,2 bilhões. A cifra é acima daquela esperada numa eventual venda do Original. Com informações do Valor.