Publicado em 23/08/2017As indústrias de leite longa vida do país estão trabalhando com margem negativa entre R$ 0,25 e R$ 0,50 por litro na comercialização do produto, conforme consulta realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) com empresas associadas.
No Estado de São Paulo, o litro de leite longa vida vendido pela indústria para as varejistas neste mês de agosto está sendo negociado em R$ 1,90 a R$ 1,95, em média, de acordo com Laércio Barbosa, presidente da ABLV. Esse é o menor valor para um mês de agosto desde 2014, considerando tanto preços nominais quanto deflacionados.
A fraca demanda no varejo, reflexo da crise no país, pressiona os valores do leite comercializado pela indústria. Além disso, o aumento da produção de leite no Brasil – em grande parte em consequência dos preços mais baixos dos grãos para alimentação do rebanho leiteiro – também influencia o mercado. A ABLV tem 30 associadas, que respondem por 90% do mercado de leite UHT no Brasil.
Depois de dois anos de queda na produção brasileira de leite, entre janeiro e julho deste ano, a captação pelas indústrias subiu 1,8% em relação a igual período de 2016, segundo o Índice Scot de Captação de Leite. Só no mês de julho, a alta foi de 4,9% na comparação com o mesmo mês de 2016.
"A situação da indústria está muito difícil. Achamos que é o fundo do poço e deve haver uma reação a partir de agora", afirma Barbosa, que é diretor da Usina de Laticínios Jussara. Para calcular as margens, a indústria considera os preços de venda ao varejo e os custos do leite cru, da embalagem, insumos, embalagens, mão de obra, impostos e fretes.
Por esse cálculo, o custo de um litro de leite longa vida para a indústria está entre R$ 2,20 e R$ 2,40 o litro atualmente. Embora admita que a volatilidade no segmento é normal, Barbosa chama a atenção para o tamanho do prejuízo registrado atualmente.
Ele avalia que a recuperação deve ocorrer em breve porque o preço da matéria-prima se estabilizou no mercado spot (negociação entre empresas) na segunda quinzena de agosto. "O pico da safra de leite do Sul já foi e as importações [de lácteos] perderam força depois do primeiro semestre", observa.
Além disso, segundo Barbosa, promoções de preços realizadas por grandes varejistas do país estimularam uma melhora no consumo nos últimos dias. E ajudaram a reduzir os estoques de produto nas indústrias. "O consumo deve melhorar. Os preços caíram muito", argumenta. Com informações do Valor.