Publicado em 05/10/2017O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, voltou a criticar nesta quarta-feira (4) a escolha de José Batista Sobrinho, pai de Wesley e Joesley, para comandar a JBS. O banco público é o segundo maior acionista do frigorífico, depois da família Batista.
Em setembro, Rabello fez diversas declarações à imprensa criticando uma reunião do conselho de administração para eleger o substituto de Wesley Batista, que está preso, para a presidência da JBS.
Em evento na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, Rabello disse que a nomeação de José Batista tem cara de ser uma "solução intermediária" e afirmou que há cargos mais adequados para o fundador da empresa, mencionando sua idade avançada.
"Um indivíduo com a experiência dele, com a idade dele, merece toda a nossa consideração e respeito. Normalmente, no entanto, um CEO está mais na faixa de 40 a 50 anos do que 70, 80 [anos]", disse.
"Então, dentro dessas características de dinamismo empresarial que nós precisamos ter, haveria outras posições, por exemplo de chairman emérito, que caberiam melhor à figura do fundador. É isto que o BNDES quer, e acho que vai obter rapidamente", completou.
Ameaça de medidas judiciais
Apos as declarações de Rabello no mês passado, a JBS notificou o presidente do BNDES informando que avaliava tomar medidas judiciais contra ele.
A empresa disse que as afirmações poderiam se configurar em "calúnia" e até mesmo "manipulação de mercado", por terem sido feitas durante o horário do pregão da bolsa de valores, o que teria desvalorizado as ações da companhia.
Afastamento da família Batista
Rabello disse também que desejar o afastamento da família Batista do comando da empresa é uma "frase exagerada".
"Esta família tem detido o protagonismo comercial, financeiro e estratégico e nesse sentido tem desempenhado razoavelmente esta função", apontou.
O conflito entre o banco e a JBS sobre o comando da companhia se arrasta há meses e será decidido por um processo de arbitragem.
Rabello declarou que seria um contrassenso dizer que agora ele quer tirar a família Batista do comando. "Não é tirar, e passar a ter o compartilhamento dessas responsabilidades".
"Tendo em vista que os principais protagonistas estão no banco de reservas, e mais que natural que o bndes como minoritário mais importante exija que essa governança seja completamente profissionalizada", acrescentou. Com informações do G1.