Publicado em 31/10/2017Ex-diretor de Relações Institucionais do grupo J&F e delator, Ricardo Saud compareceu à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da JBS nesta terça-feira (31), mas preferiu utilizar o seu direito de ficar em silêncio e não responder as perguntas feitas pelos parlamentares.
Ele foi convocado pelos membros do colegiado para prestar esclarecimentos sobre o processo de delação premiada de executivos da JBS, controlada pelo grupo J&F, ao Ministério Público Federal em 21 de setembro.
"Eu queria, não frustrando vossas excelências, lembrar que o meu acordo [de delação premiada], minha suspensão está cautelar, e eu vou permanecer em silêncio dentro do meu direito constitucional", afirmou Saud ao ter a primeira oportunidade de depor.
O presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), ainda tentou convencer Saud a prestar depoimento, mas sem sucesso.
"Acho que aqui a vossa senhoria tem uma tribuna, inclusive diante da nossa competente imprensa, de poder fazer a sua defesa. Vossa senhoria não era dono do grupo J&F", argumentou Oliveira.
Em resposta, Saud disse "pode ter certeza de que, tão logo as premissas do acordo sejam restabelecidas, ninguém tem mais interesse em falar do que eu".
Os membros da CPI chegaram a propor que Saud falasse em uma sessão fechada, sem a presença da imprensa e do público, mas o ex-diretor da JBS negou.
"Mais uma vez desculpas [por] frustá-los, mas a imprensa tem cobrido [sic] com tanta honestidade e dignidade todo esse processo. No dia em que eu for falar, faço questão de que estejam todos presentes. Não me escondo atrás de ninguém para falar. Acho que a imprensa está fazendo um bom trabalho. Pelo contrário, quando minhas premissas forem restabelecidas, quero falar e muito", afirmou Saud.
O relator da CPI e aliado do presidente da República, Michel Temer (PMDB), deputado Carlos Marun (PMDB-MS), declarou que "quem cala, consente" e, mesmo diante do silêncio de Saud, fez várias perguntas ao delator.
A primeira questionava o relacionamento de Saud com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin e a suposta ajuda do delator na época em que o magistrado seria sabatinado pelo Senado.
Outras se ambos mantinham amizade de longa data, se houve interesse do grupo J&F na chegada de Fachin ao Supremo, se houve jantar de Saud com um dos donos da JBS Joesley Batista, Fachin e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o motivo dele, se Saud já tinha documentos prontos para uma delação premiada antes do acordo conjunto da JBS, entre outras. Com informações do UOL.