Publicado em 06/11/2017O Serviço Federal de Vigilância Sanitária e Veterinária da Rússia proibiu temporariamente a exportação de carne bovina do frigorífico Mataboi, e impôs controles sanitários mais rígidos a outras cinco empresas. A informação consta do site do órgão do governo russo.
O controle mais rígido foi aplicado aos frigoríficos JBS, Aurora, Frigoestrela, Frigol e Frigon. As restrições estão em vigor desde o dia 30 de outubro. Já a proibição contra os produtos Mataboi vale a partir do dia 15 de novembro. O motivo para a decisão russa foi a identificação de substâncias fora dos padrões do país.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse não ter sido notificado sobre a suspensão das importações de carne produzida por um frigorífico brasileiro. O ministro afirmou que saberá mais detalhes no início da semana, quando for informado oficialmente da decisão das autoridades sanitárias russas, mas que acredita que se trata de um procedimento normal.
— Nós consideramos normal esse tipo de procedimento. Também fizemos isso com alguns frigoríficos aqui. Às vezes, o exportador remete um lote de mercadoria que está com alguma inconformidade. Como não recebemos nada oficial ainda, não sabemos o que é. Vamos esperar a entrada da semana para sabermos quais são as inconformidades — disse.
Maggi assegurou que a suspensão nada tem a ver com a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que divulgou um esquema de fraudes entre frigoríficos e fiscais federais. Segundo o ministro, assim que o governo brasileiro souber qual o problema alegado por Moscou, as providências serão tomadas.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, também avalia que o procedimento é normal. Segundo ele, a decisão russa faz parte do sistema de alertas que existe no setor. Frigoríficos com produtos fora dos padrões passam a ser fiscalizados de forma mais rígida. A suspensão temporária costuma ocorrer por causa de reincidência de irregularidades. Agora, as empresas precisarão provar que fizeram os ajustes técnicos exigidos, comunicar ao Ministério da Agricultura que, por sua vez, informará o governo russo para que o bloqueio seja liberado.
— O Brasil manda 3 mil toneladas por mês para a Rússia. Quem trabalha com risco está sujeito a alguma irregularidade. É normal sair do verde para o amarelo, depois volta para o sinal verde. É normal — afirmou Camardelli, que também negou que o episódio tenha relação com a Operação Carne Fraca. — A Rússia já superou isso. Ela pediu algumas explicações e não adotou nenhuma sanção.
No início do mês, o ministro Blairo Maggi esteve em Moscou com o objetivo de ampliar o comércio bilateral agrícola entre Brasil e Rússia, incluindo as exportações de carnes bovina e suína, além de soja. Os russos, por sua vez, esperam vender trigo, pescados (bacalhau in natura) e cortes de picanha de gado para o Brasil. Com informações do jornal O Globo.