Publicado em 05/12/2017A Rússia começou nesta segunda-feira, 4, o embargo oficial de carne bovina e suína brasileira de alguns frigoríficos pelo suposto uso da ractopamina, aditivo permitido em vários países, mas proibido pelo Serviço Federal de Inspeção Sanitária e Fitossanitária russo. O embargo, segundo as autoridades russas, pode ser ampliado.
A proibição atinge três unidades do Seara, controlado pelo Grupo JBS, em Santa Catarina, e um no Rio Grande do Sul; uma unidade do Grupo BRF, também em Santa Catarina, também foi inabilitada e o frigorífico Mabella, no Rio Grande do Sul. Em 2013, pelo uso da mesma substância, a Rússia decretou embargo de 18 frigoríficos e de outros dez em 2015.
A notícia pegou de surpresa os produtores de Santa Catarina, o maior estado produtor e exportador de carne suína e que destina à Rússia 40% de suas vendas externas. O diretor executivo do Sindicato de Carnes de Santa Catarina (Sindicarne-SC), Ricardo de Gouvêa, garante que os produtores catarinenses não utilizam a ractopamina na alimentação do gado.
"A ração que é produzida nessas unidades é segregada. Isso nos causa um pouco de estranheza", diz Gouvêa, observando que a hipótese de aplicação da substância na indústria também não faria sentido, uma vez que a ractopamina é uma espécie de suplemento que estimula o crescimento do tecido muscular, sem qualquer prejuízo à saúde humana.
Gouvêa diz que os produtores catarinenses já propuseram ao governo federal reuniões com autoridades técnicas do Brasil e da Rússia para verificar como está aparecendo a substância, para que sejam tomadas as ações necessárias no país. Segundo ele, plantas catarinenses também exportam para outros países que também não aceitam a substância, mas não têm recebido reclamações dos importadores. O dirigente lembra que até os caminhões que levam o gado sem ractopamina também são separados dos demais.
O presidente do Sindicarne-SC aponta também outra dificuldade: a inexistência de fornecedores mundiais que possam atender à demanda russa por suínos com a mesma quantidade e qualidade da carne brasileira. Os Estados Unidos, segundo ele, têm hoje um diálogo político difícil com a Rússia, o que inviabilizaria esses negócios. Gouvêa também afirma não ter conhecimento de rumores de que os sucessivos embargos decretados pela Rússia à carne seriam uma espécie de pressão sobre o governo brasileiro que não estaria cumprindo o acordo de aumentar as importações de produtos russos como peixe e trigo. Com informações do Jornal do Brasil.