Publicado em 15/12/2017Mesmo com as turbulências que afetaram os frigoríficos brasileiros neste ano, marcado pela Operação Carne Fraca e pela delação dos irmãos Batista, as empresas do setor não só suplantaram as adversidades como encerraram 2017 com expressivo aumento nas vendas externas e agora esperam bater recorde em 2018.
Segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), os embarques de carne bovina renderam US$ 6,2 bilhões este ano, alta de 13% ante os US$ 5,5 bilhões de 2016. Em volume, as vendas cresceram 9%, de 1,40 milhão para 1,53 milhão de toneladas.
Em entrevista a jornalistas ontem em São Paulo, o presidente da Abiec, Antonio Camardelli, destacou o papel do Ministério da Agricultura nos esforços para reabrir mercados que se fecharam às carnes brasileiras em reação às revelações da Carne Fraca. No fim de março, mercados que representam cerca de 60% das exportações de carne bovina do país estavam fechados, lembrou Camardelli.
A rápida reversão dos embargos garantiu o crescimento das exportações. Principais importadores da carne brasileira, Hong Kong e China estavam entre os países que vetaram por algumas semanas o produtos, prejudicando os embarques entre a segunda quinzena de março e abril. No segundo semestre, porém, as vendas retomaram o fôlego.
Com a retomada, as vendas a Hong Kong e China fecharam 2017 com alta de cerca de 30%, em receita. Em volume, as exportações para os dois países aumentaram mais de 20%.
Em 2018, a China deve ser um dos pontos de sustentação do aumento das exportações, disse Camardelli. A Abiec projeta que ano que vem as exportações de carne bovina crescerão 9,8% em volume, para 1,68 milhão de toneladas.
Se confirmado, o desempenho superará o recorde de 2014, quando 1,56 milhão de toneladas foram exportadas. Em receita, no entanto, o recorde de US$ 7,2 bilhões de 2014 não será atingido. A entidade projeta que os embarques renderam US$ 6,9 bilhões, alta de 10,5%.
Segundo Camardelli, a China deve habilitar mais 11 frigoríficos de carne bovina do Brasil a exportarem. Ressaltando fazer uma projeção "conservadora", ele disse que essas habilitações têm potencial para elevar as vendas de carne à China em 50%, o que geraria uma receita adicional da ordem de US$ 500 milhões ao Brasil.
As habilitações, disse, podem ocorrer no início de 2018, quando técnicos chineses visitarão os 11 frigoríficos. Dentre essas unidades, há duas plantas da Minerva Foods - em Rolim de Moura (RO) e em Janaúba (MG) -, uma planta da Marfrig em Mineiros (GO) e uma da JBS, em Goiânia.
Os exportadores de carne esperam ainda a abertura dos mercados da Indonésia e Coreia do Sul em 2018. Os EUA e a Rússia, que por diferentes motivos embargaram a carne brasileira, devem retomar as compras no ano que vem. Com informações do Valor.