Publicado em 23/01/2018Os pecuaristas não tiveram motivos para comemorar no ano passado. Além de sofrerem com os impactos da Operação Carne Fraca e da delação premiada dos Batista, que restringiram os abates da JBS, a maior oferta também pressionou as cotações do boi gordo.
Nesse cenário, o preço médio do boi gordo no Estado de São Paulo - referência para os preços no país - recuou 9,3% em termos nominais em 2017, para R$ 138,80 por arroba. "Foi uma das maiores quedas desde o Plano Real", observa o coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Nogueira.
Para 2018, porém, a tendência é de recuperação também porque é muito difícil repetir um ano tão catastrófico como foi o último, afirma o sócio-diretor da Radar Investimentos, Leandro Bovo. De acordo com ele, a ampliação da capacidade de abates proporcionada pelas aberturas de frigoríficos favorece os pecuaristas.
Em Ji-Paraná (RO), os preços do boi já reagiram ao aumento da demanda, diz o prefeito Jesualdo Pires (PSB). Segundo ele, a arroba do animal pronto para o abate saiu de R$ 120 para R$ 134 desde que a Marfrig reabriu uma planta na cidade.
"É aumento da demanda por bois na veia", argumenta Bovo. De acordo o especialista, mesmo que a JBS tenha reduzido o ritmo de abates, o apetite dos concorrentes mais do que compensa o encolhimento da líder do setor.
Além disso, a JBS garante que retomou os abates aos níveis anteriores à Operação Carne Fraca. Ao Valor, o presidente da divisão carnes da JBS, Renato Costa, disse que a companhia voltou a abater 30 mil bois ao dia e que vem cumprindo o orçamento de 2018, que prevê um aumento de 30% das exportações de carne - acima dos 10% projetados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec) para o setor.
Para Nogueira, da Agroconsult, a maior demanda deve fazer com que o preço do boi gordo suba 3% neste ano, mas os produtores não estão livres de problema. O pagamento dos débitos do Funrural representam risco, afirma ele. Com informações do Valor.