Publicado em 05/03/2018A BRF é o principal alvo da terceira fase da Operação Carne Fraca. Batizada de Trapaça, o foco da ação de hoje recai em um esquema de fraudes contra o Ministério da Agricultura e o mercado praticados por empresas do grupo. A sede da empresa, em São Paulo, foi alvo de mandado de busca e apreensão assim como a sede da Tarpon Gestora de Recursos S.A, e o ex-presidente da BRF Pedro Faria foi preso.
Pedro de Andrade Faria foi presidente global da BRF entre 2015 e 2017. Entre 2002 e 2013, ele trabalhou na Tarpon Investimentos, sócia da BRF, para onde voltou no início deste ano.
Também foram constatadas manobras extrajudiciais, operadas pelos executivos do grupo, com o fim de acobertar a prática desses ilícitos ao longo das investigações.
"As fraudes operadas tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal e, com isso, evitar que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa investigada", informa a PF em nota.
A ação visa a irregularidades em três plantas da BRF que abatem aves, localizadas em Carambeí (PR), Mineiros e Rio Verde (ambas em Goiás). Em Rio Verde, também se investiga o laboratório interno da empresa. Em Chapecó (SC), uma indústria de rações é investigada.
A PF apura crimes de estelionato, falsidade documental e formação de quadrilha. Cerca de 270 policiais federais e 21 auditores fiscais federais agropecuários participam da operação. Ao todo, são 91 mandados judiciais em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás, sendo 11 de prisão temporária e 27 de condução coercitiva, quando os investigados são levados a prestar depoimento, mas podem optar por ficar em silêncio. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Federal de Ponta Grossa (PR).
A Carne Fraca apura suposto esquema de corrupção e indicações políticas envolvendo frigoríficos brasileiros, e teve a sua primeira fase deflagrada em março do ano passado.
A ação de hoje acontece a partir de informações repassadas aos investigadores por Daniel Gonçalves Filho, acusado de ser o chefe de um esquema de corrupção no Ministério da Agricultura do Paraná. Gonçalves Filho fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi homologado em 19 de dezembro de 2017 pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). O delator apontou o envolvimento de políticos do PMDB no suposto esquema. Com informações do Valor.