Publicado em 22/05/2018Associações ligadas ao agronegócio manifestaram preocupação com protestos de caminhoneiros em rodovias por todo o Brasil. Nesta segunda, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, disse que o ato é preocupante por causa da necessidade de escoamento da safra 2018/2019 de soja antes da chegada do milho. Apesar disso, o setor se mostra preocupado com o aumento do diesel.
“A paralisação é preocupante, sem sombra de dúvida. Tem bastante soja para ser retirada”, disse. “Mas o aumento sucessivo de fretes está saindo do valor do produto. Caminhoneiro não consegue se adaptar à mudança de preço diária do diesel.”
Conforme Galvan, os produtores apoiam os caminhoneiros contra aumentos nos combustíveis. “A única coisa não compactuamos é a tabela de frete porque isso não resolve e quem pagaria a conta somos nós. Para os pleitos sobre o valor do combustível, somos solidários.”
ABPA
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alerta sobre os riscos de continuidade das paralisações e bloqueios. Conforme relatos de associados, os bloqueios impedem o transporte de aves e suínos vivos, ração e cargas refrigeradas destinadas ao abastecimento das gôndolas no Brasil ou para exportações.
“A continuar este quadro, há risco de falta de produtos para o consumidor brasileiro. Animais poderão morrer no campo com a falta de insumos. Já temos relatos de unidades produtoras com turnos de abate suspenso. Contratos de exportação poderão ser perdidos e há um forte aumento de custos logísticos com reprogramação de embarque de cargas. Os prejuízos para o setor produtivo e para o País são incalculáveis’, disse a ABPA por meio de nota.
A entidade disse que também apoia a paralisação, mas entende que “o movimento deve preservar o fluxo dos alimentos e dos insumos para a produção”.
Atos pelo Brasil
A interdição de rodovias pelo Brasil chegou ao segundo dia em ao menos 17 estados. O ato promovido por caminhoneiros é contra a alta do diesel, já que o setor pede a redução da carga tributária sobre o combustível.
Os caminhoneiros reivindicam a zeragem da alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Os impostos representam quase a metade do valor do diesel na refinaria. Segundo eles, a carga tributária menor daria fôlego ao setor, já que o diesel representa 42% do custo da atividade.
Em algumas regiões, produtores rurais demonstraram apoio aos caminhoneiros. Em Mafra, norte de Santa Catarina, cerca de 500 pessoas realizaram um tratoraço no quilômetro 7 da BR-116.
De acordo com o produtor rural Marcos Eckel, que é um dos organizadores do movimento, a demanda pelo combustível no setor agrícola é grande. Com informações do Canal Rural.