Publicado em 13/06/2018A falta de negócios com grãos diante do impasse do frete rodoviário tem feito com que corretoras de importantes áreas produtoras do país repitam, dia após dia, a mesma cotação de soja e milho nas praças regionais. Desde a divulgação de uma tabela para os preços mínimos de frete pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em 31 de maio, vendedores e compradores pararam de negociar, deixando as corretoras sem valores de referência.
No Rio Grande do Sul, o preço médio de referência da oleaginosa é de R$ 83. O milho vale, em média, R$ 41 a saca e o trigo, R$ 950 a tonelada. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) também não fez seu levantamento de preços para grãos hoje, em função das negociações estarem paradas. Segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes do Estado (Aiba), as cotações da soja e do milho no Oeste da Bahia estão mantidas desde 11 de junho. A saca de soja é cotada a R$ 70,50, em média, e o milho vale R$ 31 a saca em média.
Se a precificação da nova safra está empacada, a soja que já foi comprada também é impactada na outra ponta. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), há mais de 10 milhões de toneladas de soja já vendidas esperando por transporte devido à indefinição com os fretes. A associação também afirma haver 50 navios parados nos portos esperando por carregamento e mais 60 navios que devem chegar até o mês que vem.
"São US$ 17 mil por dia perdidos para pagamento de sobreestadia", afirma Sérgio Mendes, diretor-geral da Anec. A associação calcula um custo extra de US$ 3,7 bilhões (US$ 2,8 bilhões este ano e mais US$ 900 milhões em 2019) para a exportação de produtos de soja, farelo de soja e milho em contratos já firmados, caso a tabela de fretes mínimos seja aplicada. E enquanto empresários, caminhoneiros e o governo não se entendem, a expectativa de exportar mais de 70 milhões de toneladas de soja da produção 2017/18 se torna uma realidade cada vez mais distante.
"Não tem negociação com tabela de frete. Não queremos saber e não vamos concordar com nenhum tabelamento", diz Mendes. "Não há muito o que fazer. Ninguém está feliz com essa soja parada, mas não tem como arcar com custos de uma tabela".
A Anec e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) protocolaram nesta semana uma ação civil pública com pedido de liminar na Justiça Federal de Brasília para suspender o tabelamento dos fretes rodoviários criado pela Medida Provisória 832. As entidades também solicitaram indenização às empresas associadas por prejuízos causados em razão das "inconstitucionais e ilegais" MP e a resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Com informações do Valor.