Publicado em 12/11/2018O ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça, concedeu ontem habeas corpus para o ex-ministro da Agricultura e deputado federal eleito Neri Geller, que foi preso na sexta-feira de manhã, na Operação Capitu/Lava Jato, da Polícia Federal. Geller responderá pelas acusações em liberdade. A assessoria, em nota, diz que deputado recebeu a notícia com serenidade e se diz “confiante na justiça”.
Ele havia sido preso com base na delação de um executivo da JBS que afirmou ter feito repasses de R$250 mil/mês durante certo período, em 2014, quando era ministro, para que fosse mantido esquema iniciado por seu antecessor o então ministro Antônio Andrade, vice-governador de Minas Gerais que também foi preso nesta operação juntamente com Joesley Batista, sócio da JBS, do executivo Ricardo Saud, o ex-secretário no Ministério da Agricultura em 2013 Rodrigo Figueiredo.
A Polícia Federal aponta que, com base em delações, feitas este ano, pelo doleiro Lucio Funaro, entre os atos de ofício praticados pelos servidores do ministério da Agricultura “destacam-se a expedição de atos normativos, determinando a regulamentação da exportação de despojos; a proibição do uso da ivermectina de longa duração; e a federalização das inspeções de frigoríficos. O grupo empresarial teria pago R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos e R$ 5 milhões pela proibição do uso da ivermectina de longa duração. Um deputado pela Paraíba (também preso) à época dos fatos teria recebido R$ 50 mil do grupo como contrapartida, em decorrência da tentativa de promover a federalização das inspeções sanitárias de frigoríficos por meio de uma emenda, cujo objeto tinha natureza totalmente diversa do escopo da medida provisória nº 653/2014 na qual foi inserida. A JBS também teria pago, na época, propina de R$ 30 milhões para o deputado Eduardo Cunha, que está preso por outros crimes e na operação Capitu teve novo mandado de prisão, vencer a eleição para presidente da Câmara dos Deputados.
Geller nega que tenha recebido propina. O executivo Florisvaldo Oliveira, também preso na 6ª, afirmou que levou pessoalmente R$ 250 mil para Neri Geller, no gabinete do ministro.
Rodrigo Figueiredo também foi solto
O ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também mandou soltar na noite deste domingo (11) o ex-secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura Rodrigo Figueiredo, preso na última sexta (9) pela Polícia Federal (PF) na Operação Capitu.
A expectativa era de que Figueiredo – que atuou no ministério na gestão do atual vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB) – fosse libertado ainda neste domingo.
Antonio Andrade comandou o Ministério da Agricultura entre março de 2013 e março de 2014, no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele entrou no primeiro escalão na cota do MDB, que, à época, era o principal sócio do PT no governo federal. Vice do governador Fernando Pimentel (PT), Andrade foi levado para um presídio em Uberlândia, no Triângulio Mineiro.
Antonio Andrade, Rodrigo Figueiredo, o empresário Joesley Batista – um dos donos do frigorífico JBS – e mais 13 foram presos nesta sexta-feira em uma operação que investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura entre 2013 e 2014.
Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão temporária (válida por 5 dias), um deles contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB), que está preso no Paraná pela Operação Lava Jato. Com informações do G1 e da Gazeta Digital.