Publicado em 03/04/2019A captação de leite por parte das principais indústrias de lácteos do país andou de lado em 2018 e cresceu apenas 1,2% em relação a 2017, segundo ranking elaborado pela Leite Brasil, associação que reúne produtores. Juntos, os 13 maiores laticínios do país captaram 7,5 bilhões de litros - o equivalente a 30% da captação formal do país, que somou 24,4 bilhões de litros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O Brasil vem crescendo muito pouco - e, em alguns casos, decrescendo - desde 2014, com o país ainda em crise e com a baixa demanda", afirmou Roberto Jank Jr, diretor da Leite Brasil. Para ele, um avanço mais relevante deverá acontecer com a retomada do crescimento da economia e a consequente elevação na demanda por leite e derivados.
O levantamento da entidade apontou, mais uma vez, a Nestlé como primeira colocada, ainda que a multinacional suíça tenha reduzido em 4,6% sua captação no ano passado, para 1,6 bilhão de litros. O número de produtores que fornecem à companhia também diminuiu para 3 mil, uma queda de 22,9%. Em contrapartida, o volume entregue por produtor aumentou 12,6%, para 829 litros por dia em 2018, o que indica uma preferência da multinacional por pecuaristas mais profissionalizados e produtivos.
"O aumento da capacidade de produção diária de leite dos nossos produtores foi um grande destaque em 2018", salientou, em nota, Rene Machado, head de Milk Sourcing da Nestlé. "Com esse aumento da capacidade de produção diária dos produtores, a empresa atingiu a captação necessária para as operações", disse o executivo, ao destacar as ações da empresa para estimular a produtividade dos fornecedores.
Outras empresas do ranking apresentaram movimento semelhante. É o caso a Embaré, que ocupa a quarta colocação e registrou recuo na captação de 4,7%, para 542,7 milhões de litros. O laticínio reduziu em 9,2% o número de fornecedores, que ampliaram em 6% o volume entregue.
O número de produtores de leite que fornecem para as empresas que integram o ranking recuou, no total, 3,2%, para 36,1 mil. Mas esses produtores ampliaram o volume entregue aos laticínios em 6,4%, em média, no ano passado.
"O número de produtores tende a diminuir, e aqueles que permanecem na atividade devem se tornar mais profissionais. É algo que aconteceu no mundo todo e é inexorável", afirmou Jank Jr.
O ranking não considera dados de três grandes players do segmento: Lactalis, Italac e Itambé (CCPR). Fontes do mercado estimam que essas empresas poderiam estar entre as cinco primeiras, com a Italac próxima da segunda colocação. Se o ranking considerasse essas empresas, representaria aproximadamente 40% do volume total captado com inspeção no país no ano passado, ou 9,7 bilhões de litros.
A Laticínios Bela Vista, dona da marca Piracanjuba, se manteve em segundo lugar - posição alcançada no ano passado, quando a Lactalis deixou de participar do ranking -, com 1,3 bilhão de litros captados, alta de 4,9% ante 2017.
Também se destacou pelo crescimento na captação a Cooperativa Agroindustrial de Londrina (Cativa), que ampliou em 56,3% o volume, para 300 milhões de litros, ainda que com um aumento de quase seis vezes no volume adquirido no mercado spot, que chegou a 78,5 milhões de litros.
O maior aumento no número de fornecedores, de 23,9%, foi registrado pela Danone. O volume entregue por dia para a companhia, contudo, recuou 28,1%.
O maior incremento no volume entregue por dia foi alcançado pela Unium, mantida pelas cooperativas Frisia, Castrolanda e Capal. Os produtores ampliaram o volume por dia em 22,3%, mas o número de fornecedores recuou 12,1%. Com informações do Valor.