Publicado em 18/06/2019O Brasil, segundo exportador global de milho, exportará um volume recorde de 38 milhões de toneladas do cereal em 2019, com o produto nacional mais competitivo que o dos Estados Unidos, em um ano em que os brasileiros estão colhendo uma safra gigantesca e os norte-americanos enfrentam atrasos históricos no plantio, avaliou nesta segunda-feira a Agroconsult.
A consultoria, que trabalhava com expectativa de exportação de 31 milhões de toneladas em março, antes dos problemas climáticos nos EUA, revisou fortemente seus números para os embarques do Brasil, com o país ganhando mercados dos norte-americanos.
No ano passado, quando o Brasil sofreu uma quebra de safra, a exportação brasileira atingiu apenas 24 milhões de toneladas, enquanto o recorde anual até o momento do país gira em torno de 31 milhões de toneladas, em 2017, segundo dados do governo.
"O milho americano está caro, temos expectativa de recuperar alguns mercados que perdemos no ano passado, estamos bastante competitivos", afirmou o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, acrescentando que o Brasil teria oferta para exportar mais, em caso de os problemas norte-americanos se agravarem.
Em uma safra normal, os EUA, maiores produtores e exportadores de milho, colheriam cerca de 380 milhões de toneladas, mas a safra, até agora, atingiria 328 milhões de toneladas, "com viés de baixa", disse Pessôa a jornalistas.
Uma vez que o plantio e o desenvolvimento do milho dos EUA estão historicamente atrasados, ainda não é possível saber o tamanho exato dos problemas norte-americanos. Quando plantado fora da janela ideal, o cereal do país da América do Norte fica mais sujeito a seca ou geadas em períodos críticos.
As fortes chuvas que causaram problemas no plantio também geraram dificuldades para escoar o milho por hidrovias nos EUA, levando produtores norte-americanos de etanol, situados mais perto da costa, a realizarem atípicas importações de milho brasileiro e argentino.
Líderes em milho, os EUA ainda contam com bons estoques atualmente, disse Pessôa, mas a questão logística permitiu embarques de milho sul-americano ao maior produtor global. "As exportações (aos EUA) foram feitas mais em decorrência de questões logísticas do que disponibilidade", destacou o especialista.
A Reuters reportou mais cedo neste mês, com base em fontes com conhecimento do assunto, que o Brasil estava exportando milho para os EUA, mas para a gigante de carne suína Smithfield Foods nE6N22P03C>.
A consultoria está trabalhando com um número acima do estimado pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), que tem previsão de 31 milhões a 32 milhões de toneladas para as exportações de milho do Brasil, ante projeção de 30 milhões de toneladas em maio.
"Não vemos mudança tão grande no mercado, acredito que a Agroconsult está levando em consideração uma quebra consolidada da safra dos EUA, de uma magnitude que possibilite ao Brasil avançar a alguns mercados", disse o assistente executivo da Anec, Lucas Brito. Com informações da Reuters.