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EDITORIAL: Eleição mostra retrato cruel do setor
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Publicado em 30/10/2006Adriano Garcia Editor do Pecuária.com.br
A campanha eleitoral encerrada ontem, com a reeleição de Lula, é uma imagem fiel de todos os problemas que o setor rural deve encarar com determinação nos próximos anos. Sem poder contar com o apoio governamental, as principais lideranças do mercado devem, agora, repensar seus métodos para o futuro.
Já desde antes da crise da aftosa, com o preço da arroba sendo artificialmente pressionado para baixo por um mercado frigorífico concentrado e por pressões do varejo, o pecuarista, por falta de outra alternativa, acabou por entregar mais animais para obter o mesmo rendimento, causando a redução na quantidade de fêmeas que vemos hoje.
Por que não seguir o exemplo dos produtores de leite? Estes, ao organizarem-se em cooperativas, controlam verticalmente o mercado, tendo acesso direto aos canais de varejo e ao mercado consumidor. Já existem casos de frigoríficos neste modelo, mas há outras alternativas, como a criação de cooperativas de comercialização de animais terminados, os quais, ao negociarem maiores quantidades de animais, poderão fazê-lo para frigoríficos mais distantes que paguem melhores preços.
E quanto à questão política?
Uma imagem exemplar da falta de estratégia política do setor na defesa de seus interesses é a adesão do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, à campanha da reeleição - às vésperas do segundo turno e em troca da promessa de liberação de verbas -, uma parte delas congelada desde o pacote anunciado pelo ex-ministro Roberto Rodrigues. Se, por outro lado, o setor tivesse concentrado sua máxima energia no fortalecimento da candidatura Alckmin, as bases de negociação com o governo seriam superiores. Nesta eleição até o número de integrantes da bancada ruralista corre o risco de cair, dado a ser comprovado após a posse do Congresso, no ano que vem.
O futuro do setor agora passa pelo parlamento. Não é possível que a pecuária nacional que faz parte do setor que é a âncora da balança comercial continue não assumindo de vez a força econômica que detém para pressionar o governo na defesa de seus interesses. A primeira batalha já está desenhada: a revisão de índices de produtividade é uma das prioridades governamentais para o fim deste mandato.
Seja na comercialização, seja no campo político, é chegada a hora do setor tomar as rédeas de seu destino, já que pelos próximos 4 anos teremos mais do mesmo.
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