Publicado em 18/06/2012Luiz Felipe Pondé
Publicado na Folha de S. Paulo - 17/06/2012
Não tenho dúvida de que animais e árvores nos humanizam, e não lugares cheios de gente do tipo Rio+20. E que temos que cuidar de nossa casa, assim como devemos buscar diminuir o sofrimento do mundo em geral, mas o fato é que não sabemos ao certo o que fazer para isso.
E a burocracia verde, gerada nesta conferência, não descobrirá como fazer isso porque burocracia é sempre parasita.
A máxima da Rio+20 "Mudar o modelo de energia no planeta para energia sustentável" é ainda algo semelhante a discussão sobre sexos dos anjos. Essa máxima implica ideias como "sai fora combustível fóssil tipo petróleo e entra em cena..."
Na prática, quem quer fechar hospitais, parar de voar ou silenciar computadores?
O problema não é apenas a qualidade da energia, mas a quantidade necessária dela e seu custo. Imagino verdes de todos os tipos pregando o fim da exploração de petróleo em seus facebooks dependentes de energia fóssil.
Quanto à humanização (tema recorrente neste parque temático da ONU), ainda penso que família e escola são as melhores formas de aprendê-la. Um estímulo para ter animais e jardins em casa, nas escolas e nas ruas vale mais como humanização do que 50 conferências gigantescas nas quais se discutem siglas, vírgulas e ponto e vírgulas.
Cúpulas internacionais ambientais são como os velhos concílios bizantinos dos primeiros séculos do cristianismo. Esses concílios aconteciam no império bizantino, também conhecido como Constantinopla.
Neles, os caras se perguntavam quantos centímetros Jesus tinha de substância divina e quantos de substância humana. Acho que os concílios ainda ganhariam em eficácia levando-se em conta o sucesso da ideia de que o carpinteiro judeu seja Deus.
Sabemos que a ONU e seus derivados são, como dizia Paulo Francis, grandes estatais ineficientes. Verdadeiro cabide de emprego para um monte de gente, principalmente de países pobres. Dar dinheiro para a ONU é doação a fundo (quase) perdido.
Minha tese, nada científica, é a de que a ONU não seja o melhor fórum para angústias como essas porque ela é basicamente ineficiente. Tudo o que consegue, além de dar chances para seus integrantes beberem e conhecerem os bares da Lapa -como me disse recentemente um colega jornalista- é gerar impostos internacionais que você e eu teremos que pagar.
Qualquer solução para a "energia limpa" virá do mercado e jamais de burocratas e seus pontos e vírgulas.
A questão é: quem defende o planeta dos burocratas verdes?
*LUIZ FELIPE PONDÉ é colunista da Folha e enviado especial à Rio+20.