Publicado em 30/04/2021A Força Nacional irá atuar nos crimes e invasões que estão acontecendo em fazendas no estado de Rondônia. A informação foi dada pelo governador do estado, Marcos Rocha.
A confirmação veio após reunião realizada nesta quinta-feira, 29, entre o governador e o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. O uso da Força Nacional já havia sido discutido na quarta-feira com o ministro da Justiça, Anderson Torres.
“Eu e o Ministro da Justiça estivemos juntos, conversamos bastante, fizemos contato e já alinhamos as ações que vamos adotar. Junto com o comandante-geral, com o secretário de segurança do estado de Rondônia para que nós pudéssemos, então, trazer ao presidente aquilo que a gente optou, como nós vamos agir. Então sim, a Força Nacional estará em breve conosco fazendo a proteção da nossa população e dos nossos produtores”, disse o governador.
Invasão, tortura e destruição
A fazenda Santa Carmem, próxima a Porto Velho, que foi invadida no dia 21 de abril por cerca de 40 homens fortemente armados. Eles torturaram funcionários e depredaram toda a propriedade. Segundo o dono da fazenda, o prejuízo foi de mais de R$ 2 milhões.
A fazenda Novo Brasil foi e continua invadida há alguns meses e há relato de assassinatos de policiais na região, supostamente pelo mesmo grupo criminoso.
Na propriedade Nossa Senhora Aparecida, em Chupinguaia, o produtor que está lá desde 1991, relata que houve muita destruição e invasão desde agosto do ano passado. A propriedade permanece invadida.
A suspeita é que os criminosos façam parte da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), um movimento que tem predileção pela guerrilha armada.
“É uma tragédia de brutalidade nunca vivida por mim e minha família”. Esse é o relato indignado do proprietário da fazenda Santa Carmem, a 190 quilômetros de Porto Velho (RO), invadida por cerca de 40 homens fortemente armados no dia 21 de abril.
“Por volta de umas 22h, recebi um telefonema da propriedade. Meus funcionários estavam apavorados, pois já haviam sido torturados e as instalações todas depredadas. Eles contam que só conseguiram chegar às sede da fazenda nesse horário. Imediatamente fomos para a delegacia, registramos o boletim de ocorrência e socorremos os feridos”, disse.
“É uma coisa apavorante, de tal maneira que os funcionários me abandonaram, com certa razão. Vem me provocando uma angústia, pois é uma propriedade que temos há 25 anos, ambientalmente correta e toda legalizada”, lamenta.
A fazenda Santa Carmem tem cerca de 20 mil hectares e é dedicada principalmente à pecuária, com 7.000 cabeças de gado. Por enquanto, a agricultura ocupa apenas mil hectares
“Eu estranho muito viver uma violência dessa. Por mais que veja conflito rural, nunca vi nessa dimensão. É uma agressão impensável ao agronegócio que tanto ajuda o país. Detonaram todas as instalações, que não servem mais para nada. Dois tratores foram roubados e outro depenado”, continuou.
“Nos causa muito estranheza esse terrorismo. Isso não é luta por reforma agrária, é um ato terrorista”, finalizou.
“É uma coisa inexplicável. Só quem vive sabe o que tá acontecendo. Você está produzindo, plantando e colhendo, fazendo de tudo para melhorar o país e, de repente, do dia pra noite um bando de gente entra na propriedade, acaba com tudo ,queima a casa, o curral, o maquinário. Impede de produzir, cortam as pontes para que não se possa escoar a produção”, relata o proprietário da fazenda Nossa Senhora Aparecida, Antônio Afonso, que diz que a sensação é de impotência: “Estamos à mercê desses bandidos”.
A Força Nacional é composta por policiais federais e de outros órgãos de segurança estaduais como as polícias civil e militar. Ela foi criada em 2004 para atuar em atividades de preservação da ordem pública e garantia da segurança de pessoas e patrimônios.
É o ministério da Justiça e Segurança Pública quem deverá coordenar o envio de membros da força nacional para o estado de Rondônia nos próximos dias. Segundo a secretaria de segurança pública do estado, 95 propriedades rurais já foram invadidas e 69 processos de reintegração de posse estão parados por causa da pandemia.
“Enquanto a Força Nacional faz a contenção, faz o perímetro, faz a segurança, a nossa tropa faz a execução das reintegrações”, explicou o coronel Alexandre Almeida, Comandante-Geral da Polícia Militar de Rondônia
O Secretário de Segurança Pública de Rondônia, Hélio Pachá, explica que houve um aumento no patrulhamento rural e haverá investimento em veículos blindados. “Já estamos com processo sendo iniciado para que a gente tenha mais segurança para enfrentar essas organizações que estão infiltradas sob o manto de um movimento social. Já temos a identificação e vamos buscar localizar e prender os cabeças dessa organização criminosa”, disse. Com informações do Canal Rural.