Publicado em 10/06/2021Os frigoríficos produtores de carne bovina do Brasil aguardam, para este ano, o fechamento de uma das mais importantes negociações lideradas pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com a China, no mercado de proteína animal. Trata-se da permissão do governo chinês para que as indústrias brasileiras exportem diretamente miúdos bovinos, hoje vendidos apenas para Hong Kong e que representam 7% das exportações do setor.
Identificados na linguagem da Cacex, do Ministério da Economia, como “despojos comestíveis de carnes, preparados ou preservados”, ele abrange tudo que existe dentro do boi.
E no país que se orgulha de abrigar o maior plantel de gado bovino para criação e abate do mundo e exportar US$ 8,5 bilhões por ano, vendendo 2 milhões de toneladas abrindo um mercado que hoje não pode ser acessado diretamente - embora os frigoríficos já vendam para o país indiretamente, uma vez que empresas de Hong Kong reexportam para a China continental.
Isso faz de Hong Kong o segundo maior cliente do Brasil, que compra US$ 80 milhões/mês (ou US$ 1 bilhão por ano) desses itens.
Se a China importar miúdos brasileiros, a expectativa é dobrar esse volume com preços bastante interessantes, já que os chineses preferem os miúdos para sua culinária de sopas e caldos.
Os chineses comem literalmente tudo que está dentro da barriga do boi. Isso quer dizer dos grandes órgãos, como fígado, coração, língua, bucho e tripas, mas também itens que no Brasil não têm valor comercial, como testículos.
Com autorização do governo chinês para a venda de miúdos, a expectativa do setor é que imediatamente os miúdos e tripas possam chegar próximo dos demais cortes hoje comprados pela China. Um novo e espetacular mercado.
Segundo o presidente da Masterboi, Nelson Bezerra, essa linha de produtos oriundos dos bovinos vai consolidar a posição do Brasil no mercado chinês, que só compra diretamente a carne desossada e resfriada. A empresa, que já vende esse produtos para Hong Kong, acredita que os negócios podem crescer exponencialmente após a autorização de Pequim.
Os chineses agora estão abrindo uma negociação para que além da carne desossada, o Brasil venda diretamente os órgãos internos. E isso pode ser um novo mercado tão importante como o de carnes dianteiras ou os cortes mais nobres.
No Brasil, com exceção do fígado, quase nenhum órgão interno do boi tem grande valor comercial. Nas grandes cidades, todo esse volume de proteína é desconhecido, já que no Brasil apenas as carnes despertam interesse do consumidor.
Na China, porém, toda essa série de itens está arraigada à culinária que não desperdiça nenhum desses órgãos. Mocotó, bucho e tripas gozam de tanto prestígio na China como picanha e alcatra no Brasil. Com informações do Jornal do Comércio.