Publicado em 17/06/2021Pecuaristas e investidores dos Estados Unidos estão destinando centenas de milhões de dólares à construção de novas fábricas de carne bovina, depois que o fechamento temporário de enormes unidades de abate no início da pandemia de Covid-19 deixou produtores sem ter para onde enviar animais prontos para serem transformados em carne.
Um ataque cibernético contra a unidade norte-americana da gigante brasileira JBS, que paralisou quase um quarto da produção de carne bovina dos EUA neste mês, voltou a ressaltar as vulnerabilidades da cadeia de oferta de carnes do país, causando mais dores de cabeça aos produtores.
Os pecuaristas, assim como o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês), afirmam que o setor está muito consolidado e, dessa forma, depende de apenas alguns grandes processadores e de seus frigoríficos industriais.
Quatro gigantes do setor --JBS USA, Tyson Foods, Cargill e National Beef Packing Company-- são responsáveis pelo abate de 85% do gado engordado com grãos, transformando-o em bifes, costelas e assados para os consumidores.
As fábricas de carne de menor porte e "startups" têm o objetivo de fornecer aos pecuaristas locais mais espaços para o abate do gado, especialmente aquele criado para produção de carne de maior qualidade. Segundo elas, o aumento no número de plantas pode garantir que parte da produção seja mantida caso grandes instalações venham a fechar.
Quando grandes frigoríficos fecham, a oferta de carne diminui e os produtores ficam "presos" com o gado que teria sido abatido. Isso significa que o preço do gado geralmente cai, enquanto o preço da carne nos supermercados sobe.
As longas paralisações em alguns dos maiores abatedouros dos EUA devido a surtos de Covid-19 afetaram a produção de carnes na primavera de 2020 (no Hemisfério Norte), resultando na imposição de limites para as compras por consumidores em supermercados e em uma redução nos estoques congelados, que os processadores ainda precisam reabastecer.
Em todo o país, pelo menos cinco novas instalações de processamento de tamanhos variados foram inauguradas ou têm planos de abertura após os choques de oferta vistos no início da pandemia. Considerando expansões em fábricas já existentes, incluindo uma da JBS, a capacidade de abate diário dos EUA deve aumentar em cerca de 5%, de acordo com cálculos da Reuters e dados do Instituto Norte-Americano de Carnes.
As condições de mercado são favoráveis para novos participantes. A oferta de gado é ampla, enquanto os preços da carne bovina e as margens de lucro dos frigoríficos dispararam devido às fortes exportações e à demanda dos consumidores norte-americanos. Com informações da Reuters.