Publicado em 26/07/2021Na última semana o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, saíram em defesa da construção da Ferrogrão, ferrovia que pretende ligar Mato Grosso ao Pará para exportação sobretudo de soja e milho.
O projeto é um dos mais ambiciosos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na área de infraestrutura e está na mira de lideranças de esquerda. O chamamento público do governo Mato Grosso, na última segunda-feira (19), em busca de investidores para dois ramais ferroviários no estado, também é um movimento que joga pressão sobre a Ferrogrão.
O primeiro a defender a Ferrogrão foi o ministro Tarcísio de Freitas, que afirmou na última terça-feira (20) que a obra pode ser sustentável. Para ele, discussões sobe os impactos do empreendimento são uma bobagem e ativistas que se opõem à proposta não conhecem a região nem os estudos.
“A gente tem que separar o que é ideologia, interesse comercial e o que é de fato visão de proteção ao meio ambiente. Tenho certeza absoluta que nenhum desses ativistas percorreu a BR-163 [usada hoje na região] e conhece com profundidade o projeto”, afirmou em live promovida pelo jornal Valor Econômico.
"Discutir se é possível fazer uma ferrovia de forma sustentável na Amazônia é uma grande bobagem. É claro que é", disse ele, que afirmou que o governo está tratando a sustentabilidade da proposta com seriedade e com participação de institutos internacionais.
Uma delegação internacional de ativistas e políticos de esquerda desembarca no Brasil no dia 15 de agosto para pressionar contra a construção da Ferrogrão.
Na quinta-feira (22), o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, também criticou a possível vinda de ativistas e políticos de esquerda ao Brasil para pressionar o Governo Federal a não construir a Ferrogrão.
Mendes chegou a dar uma “banana” aos ativistas. “Aqui para eles”, disse seguido do gesto de desaprovação. “Se vier aqui protestar contra a Ferrogrão vai tomar na testa”, garantiu Mendes aos jornalistas.
O governador afirmou que o Brasil tem leis ambientais severas e isso deve ser obedecido na construção e implantação da ferrovia.
“O Brasil tem as leis ambientais mais restritivas do Mundo. Eles [americanos e europeus] têm 10 vezes mais ferrovia do que temos aqui. Vem dizer que nós não podemos fazer ferrovia. O dia que vocês chegarem na metade do que nós temos, voltem para conversar conosco. Senão, volte para seu país, vai plantar árvore por lá e deixa que nós cuidamos do nosso aqui”, disse.
Mauro Mendes reiterou que a sua gestão irá “lutar” para que o Governo Federal execute os projetos da Ferrogrão e da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico). “Nós vamos lutar sim pela Ferrogrão, vamos lutar pela Fico e tenho certeza que o Governo Federal vai colocar essas duas ferrovias naquilo que lhe compete de ações e providências pra que elas realmente aconteçam”, concluiu.
Mauro Mendes saiu em defesa da Ferrogrão dois dias após ter feito chamada pública em busca de investidores para dois ramais ferroviários no estado, em um movimento que joga pressão sobre a Ferrogrão.
Oponente da ferrovia federal, a Rumo Logística já se apresentou como interessada ao projeto mato-grossense, que atende as mesmas regiões de seu projeto Malha Norte, ligando seu terminal de Rondonópolis, no sul do estado, a Cuiabá e Lucas do Rio Verde.
O projeto do Mato Grosso tem investimentos estimados em R$ 12 bilhões na construção de 730 quilômetros de trilhos. O objetivo é iniciar as operações do primeiro ramal, para Cuiabá, em 2025. O segundo, a Lucas do Rio Verde, começaria a operar em 2028. Com informações do Diário de Cuiabá.