Publicado em 29/07/2021Frigoríficos estão na mira do Congresso dos Estados Unidos devido às queixas de pecuaristas de que processadoras de carne bovina estariam abusando do poder de mercado para obter margens elevadas.
Quatro gigantes controlam mais de 80% do processamento de carne bovina dos EUA. Criadores de gado insatisfeitos dizem que o aumento dos preços da carne bovina no varejo este ano resultou em pouca melhora nos valores que recebem pelos animais, repetindo um padrão durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19.
Senadores republicanos da bancada rural, que tradicionalmente defendem o interesses das empresas, têm criticado frigoríficos, e associações agrícolas e de pecuaristas exigem mais escrutínio da indústria. Executivos da Tyson Foods e JBS - as duas maiores processadoras de carne bovina dos EUA - prestaram depoimento no Comitê Judiciário do Senado na quarta-feira.
Shane Miller, presidente do grupo de carne in natura da Tyson Foods, defendeu os altos preços da carne bovina e o valor comparativamente mais baixo do gado. As oscilações de preços têm “tudo a ver com a lei da oferta e demanda” e com os “choques de mercado sem precedentes enfrentados nos últimos 18 meses”, disse aos senadores.
Rob Larew, presidente da National Farmers Union, culpou a “manipulação do mercado por multinacionais de carne como as representadas aqui hoje”. Larew pediu que os senadores pressionem por regras antitruste muito mais rigorosas “para controlar o poder irrestrito dos frigoríficos”.
“A situação atual para pequenos produtores de bezerros é insustentável”, disse o senador republicano Josh Hawley, do Missouri. “Algo está muito errado aqui, e não pode continuar como está.”
No começo da pandemia, milhares de trabalhadores de frigoríficos contraíram o coronavírus, o que paralisou as instalações. Problemas operacionais em frigoríficos nos Estados Unidos desaceleraram o abate de gado, fazendo com que os preços dos animais despencassem enquanto o custo da carne subia. Esse padrão se repetiu, embora brevemente, quando a JBS fechou unidades por cerca de um dia durante um recente ataque cibernético.
O Departamento de Agricultura dos EUA tem oferecido subsídios e empréstimos para incentivar a abertura ou expansão de frigoríficos menores em uma tentativa de tornar o sistema alimentar mais resiliente. Enquanto isso, a seca e o aumento dos preços das rações têm atingido os lucros da pecuária, ajudando a reduzir os rebanhos e, aos poucos, dando aos criadores maior poder de barganha.
O presidente dos EUA, Joe Biden, destacou o setor de frigoríficos como uma área que reguladores devem examinar em ordem executiva emitida no início deste mês, que instruiu agências federais a intensificarem os esforços para promover mais competição em toda a economia. O secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, também anunciou planos para propor regulamentos que forneçam aos criadores de gado e de aves maior proteção nas negociações com frigoríficos.
Dois projetos de lei foram apresentados no Congresso para exigir maior transparência dos preços e dos termos das compras de gado, com a expectativa de que isso dê aos produtores mais alavancagem nas transações.
A senadora Amy Klobuchar, de Minnesota, democrata que preside o subcomitê antitruste do Judiciário do Senado, disse que “há um descontentamento generalizado com os preços” e, no Senado, “apoio geral para avançar” em alguma ação para oferecer mais vantagens aos criadores de gado nas vendas aos frigoríficos. Com informações da Bloomberg.