Publicado em 01/04/2024Em uma estratégia que busca dividir o setor do agronegócio, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenta uma aproximação significativa com a ala do agronegócio ligada à bioenergia. Representantes de usinas de etanol e biodiesel estão em movimento para alinhar-se com o Planalto, especialmente no que diz respeito à aprovação sem modificações do projeto de lei 528 de 2020, batizado de "Combustível do Futuro". Este projeto propõe um novo marco regulatório para biocombustíveis e visa aumentar o percentual de mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo diesel.
A busca por apoio ao projeto foi evidenciada durante um churrasco organizado por Lula na Granja do Torto, contando com a presença marcante de empresários do setor bioenergético, sob coordenação do ministro Carlos Fávaro. O evento sinalizou um esforço para conquistar aliados anteriormente alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Uma das controvérsias envolve a posição da Petrobras, liderada por Jean Paul Prates, que defende alterações no texto, especificamente para que o diesel coprocessado com matéria-prima renovável seja incluído na mistura de biodiesel. A proposta do governo, porém, mantém um tratamento separado para o chamado diesel verde, limitando-o a um máximo de 3%.
A articulação culminou em um ato na Esplanada dos Ministérios, onde empresários ligados à FPBio exibiram caminhões movidos a biodiesel, promovendo o projeto que permite até 25% de mistura no combustível. Alceu Moreira, presidente da FPBio, defendeu a aprovação integral do PL pelo Senado, destacando a potencialidade de impulsionar a indústria nacional.
Embora a aproximação com o governo Lula seja clara entre os representantes do segmento bioenergético, o restante do agronegócio, mantém distância. A Frente Parlamentar da Agropecuária e seu líder, deputado Pedro Lupion, não participaram destes eventos e não sinalizaram qualquer interesse em se aproximar de Lula.