Publicado em 30/09/2024O cenário atual do mercado do boi gordo segue em trajetória de valorização, com expectativas de que o preço da arroba ultrapasse os R$ 300 nas próximas semanas. A análise é do pecuarista Carlito Guimarães, com mais de 60 anos de experiência no setor, que destacou a falta de oferta de animais como um dos fatores determinantes para a alta.
Segundo Guimarães, a escassez de bezerros, resultado de um abate elevado de vacas nos últimos anos, começa a impactar o mercado. "Esses bezerros que não nasceram vão começar a fazer falta agora", afirmou. A situação é agravada pela estiagem nas regiões Centro-Oeste e Norte, dificultando a preparação dos animais de pasto para o abate.
Ele explicou que, com a falta de chuvas, muitos pecuaristas não conseguirão engordar o gado a tempo para o mercado. "Janeiro será um mês crítico, com pouca oferta de gado confinado e sem a chegada de boi de pasto", disse Guimarães, prevendo que os preços podem superar os R$ 300 já no início de 2024.
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Outro ponto levantado pelo pecuarista é que, mesmo com a chegada das chuvas, o tempo para os animais ganharem peso será insuficiente. "Hoje, não conseguimos fazer o boi no pasto em 90 dias", explicou. A solução para os produtores, segundo ele, seria antecipar a compra de animais para engorda e investir na suplementação alimentar.
O mercado de confinamento também apresenta limitações. Guimarães apontou que a oferta de gado confinado deve cair significativamente a partir de novembro, o que reforça a tendência de alta dos preços. "A mercadoria de confinamento é pouca, e não há boi de pasto chegando", afirmou.
No aspecto da demanda, Guimarães destacou que o consumo interno continua robusto, com a carne subindo menos que o boi. "A alta da carne será de 20% a 30%, enquanto o boi pode subir 50%". Já as exportações seguem em ritmo forte, impulsionadas pela competitividade da carne brasileira no mercado internacional.
Com isso, o pecuarista recomendou investimentos no setor. "Quem quiser ganhar dinheiro, é hora de investir na pecuária", disse, lembrando que o preço do gado magro ainda não subiu na mesma proporção que o boi gordo.
Guimarães concluiu a análise com um alerta: "Aqueles que abateram suas vacas nos últimos anos sentirão o impacto. Quem jogou seu rebanho fora vai pagar caro para reconstituí-lo". Segundo ele, a falta de reposição de fêmeas deve manter os preços elevados pelos próximos anos.
A expectativa é que o mercado continue em alta até pelo menos o início de 2025, quando o boi de pasto começar a chegar ao mercado, ainda que em volume limitado devido às condições climáticas e ao abate intensivo de vacas reprodutoras.