Publicado em 11/10/2024Bancos estão adotando uma postura mais cautelosa na concessão de crédito rural este ano, o que contribuiu para uma queda significativa no desembolso do Plano Safra 2024/25. Nos primeiros três meses do ciclo, o volume liberado foi 30% menor que no mesmo período do ano anterior, caindo de R$ 163,8 bilhões para R$ 112,5 bilhões. Esse recuo reflete, em grande parte, a maior aversão ao risco por parte das instituições financeiras.
Entre as principais razões para essa cautela estão as margens reduzidas no setor agrícola, os problemas climáticos em regiões produtoras e a queda nos preços das commodities. Esses fatores impactam a capacidade de pagamento dos produtores, elevando o risco percebido pelos bancos. Além disso, o aumento do endividamento e o crescimento dos pedidos de recuperação judicial no setor intensificaram as incertezas no mercado.
Diante desse cenário, muitos bancos estão mais seletivos na concessão de crédito. Executivos do setor afirmam que buscar novos clientes pode trazer "problemas" de outras instituições, o que aumenta a cautela. Um grande banco privado, que vinha expandindo sua carteira no agronegócio, prevê que, pela primeira vez, não haverá crescimento neste ano.
Apesar da retração, algumas instituições continuam concedendo crédito, principalmente por meio de recursos obrigatórios, como os provenientes de depósitos à vista. No entanto, há um foco maior no financiamento via Cédulas de Produto Rural (CPRs) e recursos livres, considerados mais ágeis e menos arriscados. Essa mudança no comportamento dos bancos é reflexo da necessidade de adaptação a um ambiente de maior incerteza e de rentabilidade mais baixa no setor agrícola.