Publicado em 13/11/2024O mercado do boi gordo no Brasil registra uma forte valorização, com alta de R$ 85 por arroba nos últimos dois meses, impulsionada pela alta demanda da China e pela recuperação do consumo interno. Thiago Bernardino, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), descreveu o momento como "avassalador", destacando os fatores que têm contribuído para a alta dos preços no setor.
A China se consolidou como grande compradora, adquirindo 160 mil toneladas de carne em um único mês. Além disso, a oferta de animais prontos para abate está baixa, o que reforça a pressão sobre os preços.
Bernardino alerta, no entanto, que o pecuarista deve se manter atento ao aumento de custos, como na compra de bezerros, alimentação e outros insumos. Em setembro, por exemplo, houve uma ocupação de confinamento 30% maior que a média dos últimos anos, reflexo do movimento de reposição de rebanho e da necessidade de atender a demanda crescente.
Os pecuaristas têm investido em reposição e confinamento, com aumento no preço dos bezerros e do boi magro. No entanto, o especialista sugere cautela com as despesas, pois o aumento dos custos pode afetar a margem de lucro. A previsão é de que a alta demanda permaneça até o final de dezembro, impulsionada pelas exportações e pelas festividades de fim de ano, mas a dinâmica de mercado pode mudar no início de 2024, quando o consumo doméstico tende a desacelerar, um movimento natural pós-festas.
Bernardino destaca ainda que a expectativa de aumento na oferta, somada ao clima favorável e ao crescimento das pastagens, pode reduzir a pressão sobre os preços. Isso poderá equilibrar o mercado, especialmente se as exportações se mantiverem fortes. Em contrapartida, o pecuarista precisa continuar atento ao comportamento do mercado e às oscilações que podem surgir no ano novo, quando a oferta de carne pode se tornar mais ampla.