Publicado em 25/11/2024O mercado do boi gordo começou a última semana de novembro com preços firmes e até mesmo com altas registradas em diversas praças monitoradas. De acordo com Alcides Torres, analista da Scot Consultoria, o cenário atual é de estabilidade ou elevação, sem indícios de quedas nas cotações da arroba do boi, vaca e novilha gordos.
Demanda aquecida e oferta ajustada impulsionam preços
Segundo Torres, a alta na cotação está sendo puxada pela combinação de maior demanda no mercado interno e pela exportação aquecida, que vem se mantendo firme ao longo do ano. "O escoamento da carne no segundo semestre é mais dinâmico, com maior poder de compra da população, além de maior volume de exportações. Isso aumenta a disputa pela carne e sustenta os preços", explicou.
Acompanhe as cotações da arroba do boi gordo e da reposição em: www.pecuaria.com.br/cotacoes.php
Torres destacou que, historicamente, o segundo semestre também registra maior abate de machos, que possuem cotações superiores às fêmeas, contribuindo para o aumento nos valores.
Impactos climáticos atrasam recuperação das pastagens
A seca severa, seguida por chuvas recentes, está atrasando a recuperação das pastagens, o que pode prolongar o cenário de oferta ajustada até o início de 2024. "Pastagens precisam de 60 a 90 dias para se recuperar. Com o clima adverso e ataques de pragas, como lagartas, o cenário não deve mudar significativamente antes de janeiro", afirmou.
Essa conjuntura também pressiona os custos de reposição, já que o preço de bezerros e bovinos de reposição tem subido mais rapidamente do que a arroba do boi gordo, reduzindo a relação de troca.
Alerta para pecuaristas
Torres alertou que os pecuaristas devem planejar melhor a reposição, considerando o aumento nos custos e a qualidade genética dos animais disponíveis. “Quem tem reservas alimentares, como silagem ou cana-de-açúcar, pode aproveitar melhores momentos de mercado. Mas a tendência é que a relação de troca piore nos próximos meses”, disse.
Boicote ao Carrefour
O analista também comentou a decisão de frigoríficos brasileiros de suspender fornecimentos para o Carrefour, após declarações polêmicas da rede sobre produtos brasileiros. Para Torres, essa resposta demonstra maior união da cadeia produtiva no enfrentamento de medidas consideradas protecionistas.
“A reação dos frigoríficos é importante para mostrar que o Brasil está atento e não aceita ser prejudicado por políticas externas protecionistas”, analisou. Ele ainda destacou que tais ações podem ser vistas como reconhecimento da eficiência da produção agropecuária brasileira.