Publicado em 25/11/2024A decisão do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, de suspender a compra de carne do Mercosul gerou uma crise diplomática e econômica. Desde quinta-feira (21), frigoríficos como JBS, Marfrig e Minerva interromperam os envios à rede no Brasil, após críticas do governo e associações ao posicionamento divulgado na França. Lojas do Atacadão e Sam’s Club estão sem receber mercadorias desde sexta-feira (22), com risco de desabastecimento nos próximos dias.
Bompard anunciou no LinkedIn que, em apoio aos agricultores franceses contrários ao acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, o Carrefour deixaria de vender carne desses países. Inicialmente, a empresa não especificou que a medida valia apenas para a França, o que aumentou as tensões.
A decisão gerou forte reação no Brasil. O presidente Lula pediu ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, atenção ao caso, e entidades do setor publicaram nota repudiando a postura da rede, organizando um boicote com frigoríficos. A Fiesp também se posicionou, alegando que o Mercosul não deveria abastecer o Carrefour em nenhum país se não é aceito na França.
Frigoríficos relataram que caminhões a caminho das lojas do Carrefour voltaram após a medida. Fontes apontam que a JBS já havia decidido interromper as entregas antes de ser contatada por Fávaro. No entanto, o Carrefour tentou contato com o frigorífico, mas não houve acordo.
No Brasil, 80% das carnes vendidas pelo Carrefour vêm da JBS, o que representa cerca de 5% do faturamento anual da rede. As empresas já negociam com outros varejistas, como Assaí e GPA, para escoar os produtos.
Internamente, a direção do Carrefour no Brasil foi surpreendida pelo anúncio de Bompard. Há pressão por uma retratação pública do CEO, mas ele resiste, preocupado com sua imagem entre os produtores franceses e possíveis ambições políticas na França. O conselho da empresa, que não foi consultado antes da decisão, também criticou o movimento.
Em nota, o Carrefour reconheceu os impactos da suspensão no fornecimento e reafirmou sua relação com o setor agropecuário. JBS, Marfrig e Minerva não comentaram o caso.