Publicado em 26/11/2024A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) intensificou ações no Congresso Nacional contra boicotes de empresas francesas ao agronegócio brasileiro, denunciando práticas de protecionismo comercial.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) propôs convocar o embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, para explicar a posição da França sobre o Acordo Mercosul-União Europeia e o boicote do Carrefour às carnes do bloco. “Essas medidas são protecionismo francês disfarçado, e merecem resposta recíproca”, afirmou.
O Carrefour anunciou que deixará de comprar carnes de países do Mercosul, alegando que não atendem às normas francesas. O CEO Alexandre Bompard incentivou outros supermercados a aderirem ao boicote, aumentando tensões durante as negociações do acordo comercial entre os blocos, frequentemente bloqueado pela França.
Tereza Cristina criticou a atitude, que classificou como “protecionismo mascarado de preocupação ambiental”. A senadora defendeu que o Brasil já adota padrões rigorosos, como o Código Florestal, e propôs acelerar o projeto de reciprocidade ambiental. A medida exigiria dos produtos europeus critérios semelhantes aos aplicados ao Brasil em questões ambientais e emissões de carbono.
Deputados também reagiram. Alceu Moreira (MDB-RS) pediu a criação de uma comissão externa para investigar o Carrefour, citando violações anteriores da empresa no Brasil, como questões raciais e trabalhistas. A Comissão de Agricultura e Pecuária busca convocar o ministro Mauro Vieira para detalhar as ações do Itamaraty frente ao boicote.
Entidades do agronegócio, como Abiec e ABPA, repudiaram as declarações do Carrefour. Mais de 50 associações divulgaram uma carta destacando os avanços do setor, incluindo o aumento de produtividade em 172% nos últimos 30 anos, com redução de 16% na área de pastagem, e ressaltando a preservação de 282,8 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil.