Publicado em 27/11/2024A carne exportada pelo Mercosul, especialmente pelo Brasil, foi alvo de duras críticas na Assembleia Nacional da França nesta terça-feira (26). Deputados questionaram a qualidade, os métodos de produção e a rastreabilidade do produto, chegando a compará-lo a "lixo".
Em uma votação simbólica, a maioria dos parlamentares rejeitou o acordo entre União Europeia e Mercosul. "A realidade é que nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo", afirmou o deputado Vincent Trébuchet (UDR). Ele também criticou o uso de hormônios de crescimento e a falta de rastreabilidade na produção. O uso de hormônios de crescimento é proibido no Brasil e o país rastreia o gado destinado às exportações para a UE.
A deputada Helene Laporte, do Rassemblement National, acusou os exportadores brasileiros de usarem práticas que desrespeitariam as normas europeias, como o "uso massivo de antibióticos", proibido na União Europeia desde 2006. Antoine Vermorel, do Droite Républicaine, denunciou o uso de "produtos cancerígenos" nas carnes do Mercosul e compartilhou sua indignação em vídeo. Ambas as alegações são falsas.
Oposição unânime ao Mercosul
A rejeição ao acordo uniu partidos de esquerda e direita na França. "A oposição ao Mercosul é um consenso raro aqui", afirmou o deputado Paul Molac. Ele destacou que os agricultores franceses estão em desvantagem ao competir com produtores do Mercosul.
As críticas ocorrem em meio a conflitos envolvendo empresas francesas, como Danone, Tereos e Carrefour que também têm negócios expressivos no Brasil.