Publicado em 27/11/2024A senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) criticou nesta terça-feira, 26, o pedido de retratação pública do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, após declarações contrárias à carne brasileira. "A resposta brasileira foi boa no início, mas não podemos aceitar de bom grado a desculpa apresentada pelo Carrefour francês. É uma desculpa protocolar e não responde aos danos causados aos produtos brasileiros", afirmou a senadora durante reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Segundo Tereza Cristina, a resposta do executivo francês foi insuficiente. "A resposta é muito pequena diante dos prejuízos que causaram. Acho que a indústria reagiu com altivez ao suspender o fornecimento ao Carrefour no Brasil, mas retomou rapidamente. Se o produto não é bom lá, não é bom aqui", declarou.
Na carta enviada ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, Alexandre Bompard pediu desculpas pela repercussão negativa, reconheceu a qualidade da carne brasileira, mas não indicou se o Carrefour voltará a comprar carnes do Mercosul nas lojas francesas. Na semana passada, Bompard anunciou nas redes sociais que a rede deixaria de comercializar carne do Mercosul na França, alegando que os produtos não atendem às exigências do mercado local.
Em reação, frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carnes ao Carrefour no Brasil, condicionando a retomada ao pedido público de desculpas de Bompard.
Tereza Cristina atribuiu as declarações do Carrefour e de executivos de outras empresas, como Tereos e Intermarché, à oposição francesa ao acordo entre Mercosul e União Europeia. "Se o Brasil começasse a fazer restrições aos vinhos e lácteos franceses que terão alíquotas reduzidas, seria outro cenário. Apesar de haver pontos no acordo que contrariam nossos interesses, ele eleva os padrões de qualidade para os produtos", afirmou.
A senadora considerou as declarações das empresas francesas "infundadas e infelizes" e cobrou diálogo com autoridades francesas. Tereza Cristina disse ter convidado o embaixador francês no Brasil, Emanuel Lenain, para debater as posturas do país na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ela também defendeu a aprovação de uma lei de reciprocidade ambiental como resposta às críticas internacionais.