Publicado em 27/11/2024O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que o requerimento de urgência para o projeto de lei da "reciprocidade ambiental" será acelerado. Contudo, o texto principal ainda passará por ajustes sob a relatoria do deputado Zé Vitor (PL-MG) para evitar impactos negativos nas relações comerciais internacionais.
Durante reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Lira destacou que pressões de empresas e políticos franceses contra a produção agropecuária brasileira devem servir de alerta para a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP 30), prevista para ocorrer em Belém. Ele também defendeu que o Parlamento Europeu aprove o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, permitindo que o Congresso brasileiro avalie sua adesão posteriormente.
O encontro discutiu o projeto do deputado Tião Medeiros (PP-PR), apresentado como resposta à declaração do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, que havia anunciado o fim da compra de proteína animal brasileira devido a supostas infrações ambientais. Após críticas do setor e ameaças de interrupção do fornecimento, o Carrefour recuou, mas a carta de desculpas foi considerada insuficiente por produtores e políticos brasileiros.
Lira classificou o pedido de desculpas como uma justificativa para favorecer produtos franceses, ressaltando que a empresa “não pode denegrir quem se esforça para produzir sem subsídios”. Ele enfatizou que o Brasil deve combater desinformações em fóruns globais, destacando sua preservação ambiental superior à de outros países. “O problema não é a falta de interesse dos franceses, mas o impacto na imagem e nos mercados brasileiros”, alertou.
O presidente da Câmara também afirmou que o Congresso francês e o Parlamento Europeu precisam ratificar o acordo Mercosul-União Europeia antes que o Brasil possa decidir sobre sua viabilidade. “Esperamos há 25 anos. Só depois disso o nosso Parlamento poderá avaliar os benefícios ou prejuízos desse livre comércio”, disse.
Lira ainda criticou a alegação do Carrefour de que suas operações no Brasil e na França são independentes, sugerindo que os lucros enviados à matriz mostram o contrário. Ele defendeu a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para esclarecer as ações do governo brasileiro diante das declarações francesas.