Publicado em 03/02/2025O governo federal enfrenta pressão do movimento sobre a reforma agrária. Na última quinta-feira (30), lideranças do MST se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para cobrar avanços na regularização de assentamentos. A crise no relacionamento ocorre a dois meses do "Abril Vermelho", período de intensificação das invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Durante o encontro, o dirigente do MST, João Paulo Rodrigues, classificou o número atual de assentamentos como "ridículo". Parte do movimento defende a demissão do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, alegando falta de conhecimento do setor. Segundo o jornal O Globo, o número de invasões cresceu 150% em 2024 em relação a 2023, totalizando 35 ações em diferentes estados, algumas atingindo áreas de pesquisa da Embrapa.
A integrante da direção nacional do MST, Ceres Hadich, afirmou ao O Globo que o movimento está frustrado com o governo, que, por sua vez, alega restrição orçamentária. Em 2023, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) investiu R$ 567 milhões na reforma agrária, quase o dobro do ano anterior, mas ainda cinco vezes menos que nos dois primeiros mandatos de Lula.
Principais demandas do MST
Na reunião, o MST cobrou maior agilidade na regularização fundiária e desenvolvimento dos assentamentos, incluindo financiamento para produção agrícola, desburocratização do Cadastro da Agricultura Familiar (CAF) e ampliação do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). Atualmente, apenas 18% das famílias assentadas possuem CAF, documento essencial para acessar incentivos.
O governo anunciou um investimento de R$ 1,5 bilhão para desenvolvimento de assentamentos e o lançamento de um programa de incentivo à produção agroflorestal. Lula também prometeu visitar um assentamento em fevereiro e apresentar decretos de desapropriação pendentes.
Meta de assentamentos e desafios
Nos últimos dois anos, 3,5 mil famílias foram assentadas, enquanto o governo estima que 115 mil famílias seguem acampadas, sendo 65 mil do MST. Para 2024, a meta é assentar 20 mil famílias, o que o movimento considera insuficiente.